FICAMOS ALEGRES COM SUA VISITA

ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

AGRADECIMENTO

AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A RESPONSABILIADE DO LEIGO, MEDIANTE OS ATAQUES A IGREJA.



Diante do momento político que vivemos, quem quiser viver o cristianismo, deverá ter o espírito preparado e jamais despir a armadura do cristão a que São Paulo se refere em Ef 6, 10-19.
Por outro lado acredito que seja mais confortável o hoje vivido do que os anos mais próximos passados. Algo já tem acontecido. Os que querem seguir fiel e integralmente a fé que receberam dos apóstolos, regada pelo amor de nossos pais e avós, já tem aliviada a névoa que mistura verdades com mentiras enquanto sufoca os que nasceram para viver no Reino de Deus.
Esta atmosfera venenosa traz consigo a morte. Muitos verdadeiros católicos que nunca perderam a visão de mundo dada pelo Evangelho pregado pelos primeiros Apóstolos, e que a Igreja conserva quase milagrosamente, morreram de dor, por não suportar ver e ouvir certas autoridades eclesiásticas pregarem justamente o contrário do ensinou o Fundador da nossa Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo; cuja imagem é mostrada aos mais jovens sendo cada vez mais corrompida e diminuída, comparada até a um ser humano comum, mortal e pecador como Che Guevara.
Sob tal atmosfera acontece também outro tipo de morte, muito pior, a morte da alma. Como semente plantada entre espinheiros, a fé católica trazida já no nascimento, incorporada ao DNA, não consegue sobreviver a um sem-número de pregadores da seita do ateísmo, nas escolas, que mentindo, dizem aos jovens que ciência e religião são antagônicas. Fazem para os nossos jovens uma caricatura das religiões, como se fossem coisas de pessoas ignorantes e despreparadas. Omitem, entretanto, que a grandíssima maioria dos conhecimentos humanos de que hoje dispomos nos foi legada por pessoas de fé. Desonestamente distorcem as palavras para que o raciocínio dos jovens seja formatado pelo ateísmo; e por isso muitos jovens têm mortas as almas, sepultadas num mundo puramente materialista, sem transcendências.
Portanto, quem quiser ser católico hoje, precisa observar que a vida hoje é muito diferente da vivida por nossos pais; o que não quer dizer que seja pior. Antigamente podia-se confiar nas pessoas, hoje não. Antigamente podia-se se engajar na luta por qualquer ideal, hoje não. Não podemos confiar naqueles que querem formatar a o nosso raciocínio para que o mundo seja mais confortável para eles.
A vida do verdadeiro católico hoje é muito mais plena e mais intensa. Não dá espaços para mornidão. Ou se é cristão-católico ou não. Para ser cristão-católico é necessário abrir caminho entre milhares de subjetivismos e ideologias que nos são impostos, incorporados à doutrina dos Apóstolos, e que pretendem mascarar o próprio conceito de Deus.
Aceitar o que se oferece, como formação oficial, de muitas “igrejas particulares e das conferências parciais” hoje, é abrir mão da identidade de católico atribuída a nossos pais. No máximo o que se pode conseguir é ser membro de um festivo clube, onde os ritos são meros pretextos para reunir as pessoas e proporcionar uma vida social insossa. Isso quando os ritos não são motivos para “engajar” os fiéis na luta fratricida entre as classes sociais.
Pretende-se substituir o amor a Deus pelo amor ao próximo, especialmente o infrator, que é sempre o coitadinho, nunca poderá ser responsável pelos próprios erros. A culpa é sempre da sociedade, das elites. Os honestos, trabalhadores responsáveis e que cultivam a vida familiar são aviltados.
Toda autoridade é contestada, inclusive a do Papa. As leis também, inclusive as civis, têm seu valor relativizado; age-se sempre segundo o interesse do momento. Não é de se estranhar que tal ambiente seja propício para todo tipo de aberração e todo tipo de corrupção, inclusive a do próprio planeta.
O verdadeiro católico não pode aceitar essa falsa religião travestida de oficial. Ela é o meio de cultura que gera os mais terríveis tipos de corrupção, que nossos pais sequer poderiam imaginar, em todos os aspectos da vida.
O que de melhor tem acontecido é que o santo Padre tem se manifestado em nossa defesa. Apresentou recente e publicamente a defesa dos que lutam pelos valores cristãos na democracia brasileira. Tal episódio nos esclareceu quais são as poucas autoridades nas quais podemos nos apoiar.
Mas, ainda recentemente, na carta aos católicos irlandeses a respeito da pedofilia na igreja ele recomenda aos bispos:
“Também os leigos devem ser encorajados a fazer a sua parte na vida da Igreja. Fazei com sejam formados de modo que possam dizer a razão, de maneira articulada e convincente, do Evangelho na sociedade moderna (cf. 1Pd 3,15), e cooperarem mais plenamente na vida e na missão da Igreja. Isto por sua vez, ajudar-vos-á a ser de novo guias e testemunhas credíveis da verdade de Cristo.”

Se ainda não encontrarmos bispos que nos apoiem, o Santo Padre ainda nos diz na mesma carta aos irlandeses, agora falando às crianças e aos jovens da Irlanda, que é preciso ter uma relação pessoal com o próprio Cristo, amá-lo e confiar somente nele. “Ele nunca trairá a nossa confiança. Só Ele pode satisfazer as nossas expectativas mais profundas e conferir às nossas vidas o seu significado mais pleno, orientando-nos para o serviço ao próximo.”

Vivamos, então, uma vida pessoal de intenso relacionamento com Nosso Deus, que está sempre e inteiramente à nossa disposição no Sacrário.
Com o Deus Todo Poderoso não é necessário marcar audiências. Ele está sempre disponível, porque é onipresente e onipotente, pessoalmente dará a cada um de seus filhos o que necessitar para que tenha vida plena nEle.

Uma vez saciado pelo amor de Deus, o engajamento do cristão na luta pelo Reino de Deus, onde não existe nenhum tipo de carência, pois onde há Deus nada falta, será uma rica e deliciosa consequência.

BEBIDAS ALCOÓLICAS E FESTAS DE IGREJAS.

Em síntese: Como bispo de Joinville, D. Orlando Brandes condena o uso de bebidas alcoólicas nas festas de igreja. Firma sua posição sobre doze itens que manifestam a inconveniência de fomentar o alcoolismo.

Como bispo de Joinville (SC), D. Orlando Brandes (hoje Arcebispo de Londrina, PR) escreveu uma Carta aos seus diocesanos pela qual condena o uso de bebidas alcoólicas nas festas da igreja. O texto chegou a PR via Internet. Dado o alto valor desse documento, transcrevemo-lo a seguir.
O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NAS FESTAS DE IGREJA
O alcoolismo é uma doença. É a primeira e a mais consumida de todas as drogas. É alarmante o índice de jovens, mulheres e adultos dependentes do álcool. Mortes no trânsito, violência familiar, infidelidade conjugal e doenças derivantes do álcool, são conseqüências negativas do hábito ou da dependência de bebidas alcoólicas. Grande parte do setor de ortopedia dos hospitais, é ocupada por acidentados alcoolizados. Os gastos públicos são astronômicos, e poderiam ser evitados se houvesse mais conscientização.
As escolas e estádios proibiram o uso de álcool em suas festas. A CNBB promoveu e apoiou a Pastoral da Sobriedade e coordenou a Campanha da Fraternidade “Vida Sim, Drogas Não”. No texto-base está dito pela CNBB: “A pior das drogas é o alcoolismo”. Não podemos em nossas festas lucrar com dinheiro da pior das drogas e com festas mundanas, eu levam o nome de “festa de Igreja”.
Depois de três anos de conscientização, através de reuniões, assembléias pastorais, conselhos de pastoral e o aval do clero, A Assembléia Diocesana de Pastoral votou unanimemente em favor das festas sem álcool. Doze razões foram elencadas em carta enviada às comunidades para aprofundamento da questão. Eis os doze pontos:
1. O alcoolismo é uma doença. Nós somos pela defesa da vida, da saúde e da boa convivência humana. O quinto mandamento da lei de Deus manda: “Não matarás”. O álcool mata o alcoólatra e muitas vezes ele mata os irmãos em casa, nas festas, no trânsito e nas brigas.
2. O alcoolismo já está atingindo a juventude, as mulheres e também pessoas da Igreja. Não podemos continuar dando mau exemplo em nossas Igrejas e colaborar com o prejuízo das pessoas.
3) Temos na CNBB e nas Dioceses a Pastoral da Sobriedade. Na diocese de Joinville, temos a Pastoral Antialcoólica. Permitir bebidas nas festas é um contra-testemunho e uma contradição com estas Pastorais.
4) Não somos contra festas. Pelo contrário; o que queremos é que nossas festas sejam verdadeiramente religiosas, sadias, agradáveis, num espírito de família e de boa convivência. Nos lugares onde foram tiradas as bebidas alcoólicas, as festas melhoraram em tudo.
5) Para tirar as bebidas alcoólicas, é preciso implantar bem o dízimo nas comunidades. Onde o Dízimo é bem organizado, melhorou em muito o lado econômico da comunidade e pode-se então abolir as bebidas alcoólicas das festas sem prejuízo financeiro. O segredo está na boa implantação da Pastoral do Dízimo.
6) As festas com bebidas alcoólicas, mais a contratação de músicos, cantores e conjuntos musicais, acabam sendo muito dispendiosas. E a maior parte do lucro não fica na comunidade. Não podemos mais continuar apoiando coisas do mundo, nas festas religiosas. “Detesto vossas festas, tornaram-se uma carga que não suporto mais” (Is 1, 14).
7) O povo e a comunidade, aprovam a abolição das bebidas alcoólicas em nossas festas. Quem ainda quer fazer festa com bebidas alcoólicas são as lideranças mais antigas, que não conhecem as novas experiências, de festas sem álcool. Algumas vezes pessoas da Igreja também não estão ainda bem convencidas no assunto. Geralmente quem bebe, são pessoas que não freqüentam a comunidade. Elas aparecem nas festas, depois não participam da comunidade.
8) As Paróquias e comunidades que já tiraram as bebidas alcoólicas de suas festas, começaram primeiro conscientizando a comunidade, e paralelamente implantaram a Pastoral do Dízimo. Algumas fizeram uma votação, ou melhor, um plebiscito. Tudo deu certo. O povo está feliz, e as finanças aumentaram, sem as bebidas alcoólicas nas festas.
9. Tirando as bebidas alcoólicas, estamos dando bom exemplo para outras religiões, colaborando com a saúde pública, sendo coerentes com nossa fé e nossas Pastorais.
10. Após alguns anos de conscientização, a Assembleia Diocesana de Pastoral, em 2005 votou pela abolição de bebidas alcoólicas em festas de Igreja. Padres e lideranças, devem dar oportunidade de conscientização da comunidade sobre este assunto.
11. “Não vos embriagueis, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5, 18). A experiência tem mostrado que suco de uva e outras bebidas substituem as bebidas alcoólicas. Para maior clareza, decidimos que, se alguém aluga salões da Igreja para casamentos e outros encontros, consideramos que tais festas não são promoção da Igreja e por isso o uso de bebidas alcoólicas é da responsabilidade dos encarregados da festa.
12. Percebemos também que nas comunidades onde o pároco assume a responsabilidade de tirar as bebidas alcoólicas, o povo aceita e as lideranças se rendem. Onde o Padre fica neutro ou é contra, é quase impossível a mudança do hábito.
Fonte:http://www.cleofas.com.br

DIVÓRCIO OU NULIDADE MATRIMONIAL ?




O matrimônio, de acordo com a doutrina católica, é um sacramento, mas, um sacramento bastante especial, porque, nele, os “ministros”, ou seja, os que conferem o sacramento são os próprios noivos. Por outro lado, como todos os sacramentos foram instituídos por Cristo e confiados à Igreja, esta colaca condições para a sua celebração válida. Assim se explica a declaração do parágrafo primeiro do cânon 1057: o matrimônio “é o consentimento das partes legitimamente manifestado entre pessoas juridicamente hábeis que faz o matrimônio; esse consentimento não pode ser suprido por nenhum poder humano”. Com base neste cânon, podemos firmar que existem três coisas necessárias para um verdadeiro matrimônio: 1- que haja consentimento dos noivos; 2-que esse consentimento seja dado por pessoas juridicamente hábeis (as testemunhas); 3- que esse consentimento seja manifestado legitimamente, ou seja, na forma prevista pela lei. Se por ventura faltar um desses requisitos, não surgirá um verdadeiro matrimônio.
O Sacramento do matrimônio é um dom e ao mesmo tempo uma “vocação e um dever dos esposos cristãos, para que permaneçam fiéis um ao outro para sempre, para além de todas as provas e dificuldades, em generosa obediência à santa vontade do Senhor” (Familiaris Consortio, n.20). Desta maneira, eis o mandato bíblico: “O que Deus uniu, não separe o homem” (Mt 19,6). Assim, por causa desse mandato a Igreja não faz divórcio e nem anula casamento. Então o que a Igreja faz? A Igreja por meio dos Tribunais Eclesiásticos julga por meio de um processo se verdadeiramente houve ou não o matrimônio. Se constatar que uma das partes por ventura exclui um dos elementos ou ainda alguns elementos do matrimônio este é declarado nulo, ou seja, na realidade, naquele caso concreto, não houve verdadeiro casamento, não obstante todas as cerimônias realizadas.
Dessa maneira, a Igreja não faz divórcio e nem anulação de casamento, o que a Igreja faz é declaração de nulidade.  É necessário esclarecer a diferença entre as expressões: anulação e declaração de nulidade. Anulação significa fazer com que aquilo que tinha existência legítima, deixe de tê-la, isto é, que um casamento que inicialmente foi válido passe a ser sem valor jurídico. Enquanto, declarar nulo é o ato mediante o qual a autoridade competente faz a declaração afirmando que um ato jurídico nunca existiu e nem teve valor, apesar das aparências.
Portanto, a Igreja não “anula” matrimônios, mas admite, quando necessário, que alguns casamentos sejam “declarados nulos”. O matrimônio, nesses casos, não é dissolvido: na realidade, nunca existiu. Quanto aos motivos pelos quais um casamento pode ser declarado nulo, veremos na próxima edição deste informativo.

PROMESSAS


O presente artigo analisa a prática das promessas feitas a Deus ou aos santos por pessoas desejosas de obter alguma graça. Tal prática tem fundamentado na própria Bíblia (cf. Gn 28,20-22; 1Sm 1,11). Todavia verifica-se que os autores bíblicos faziam advertências aos fiéis no sentido de não prometerem o que não pudessem cumprir (cf. Ecl 5,4). No Novo Testamento São Paulo quis submeter-se às obrigações do voto do nazireato (cf. At 18,18; 21,24). Estas ponderações mostram que a prática das promessas como tal não é má. É certo, porém, que as promessas não movem o Senhor Deus a nos dar o que Ele não quer dar, pois Deus já decretou desde toda a eternidade dar o que Ele nos dá no tempo, mas as promessas contribuem para afervorar o orante, excitando neste maior amor. Acontece, porém, que muitas vezes os cristãos não têm noção clara do porquê das promessas ou prometem práticas que eles não podem cumprir. Daí surgem duas obrigações para quem tem o encargo de orientar os irmãos: 1) mostre-lhes que as promessas nada têm de mágico ou de mecânico, nem se destinam a dobrar a vontade de Deus, como se o Senhor se pudesse deixar atrair por promessas, à semelhança de um homem; 2) procure incutir a noção de que o cristão é filho do Pai e, por isto, não precisa de prometer ao Pai; o amor filial com que o cristão reze a Deus, é mais eloquente do que a linguagem das promessas, que podem ter um sabor “comercial” ou muito pouco filial.
Comentário: Entre os fiéis católicos não é raro fazerem-se promessas a Deus ou a algum santo (…), promessas de algum ato heróico a ser cumprido caso a pessoa receba a graça que deseja. Em conseqüência, fala-se de “pagar promessas”. Não raro os fiéis que prometem, depois de atendidos, não têm condições físicas, psíquicas ou financeiras para pagar as suas promessas. Sentem-se então angustiados, pois receiam que algo de mau ou um castigo lhes sobre venha da parte de Deus por não cumprirem as suas “obrigações”. O problema é tormentoso e merece ser analisado desde as suas raízes, ou seja, a partir do conceito mesmo de piedade que os fiéis cristãos devem alimentar. É o que vamos fazer nas páginas subsequentes, examinando: 1) a fundamentação bíblica, 2) a justificativa teológica das promessas, 3) a casuística ocasionada, 4) uma conclusão final.
1. Fundamentação bíblica
O costume de fazer promessas ou, segundo linguagem mais bíblica, votos tem origem na piedade popular anterior a Cristo. É documentado pela própria Bíblia, que nos mostra como pessoas, em situações difíceis necessitando de um auxílio de Deus, prometeram fazer ou omitir algo, caso fossem ajudadas pelo Senhor. Foi, por exemplo, o que aconteceu com Jacó, que, ao fugir para a Mesopotâmia, exclamou: “Se Deus estiver comigo, se me proteger durante esta viagem, se me der pão para comer e roupa para vestir e se eu regressar em paz à casa de meu pai,… esta pedra… será para mim casa de Deus e pagarei o dízimo de tudo quanto me concederdes” (Gn 28, 20-22). Ana, estéril, mas futura mãe de Samuel, fez a seguinte promessa: “Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição da vossa serva e… lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida e a navalha não passará sobre a sua cabeça”  (1Sm 1,11). Alguns salmos exprimem os votos ou as promessas dos orantes de Israel; assim os de número 65. 66. 116; Jn 2,3-9.
A própria Escritura, porém, dá a entender que, entre os membros do povo de Deus, houve abusos no tocante às promessas: algumas terão sido proferidas impensadamente: “É melhor não fazer promessas do que fazê-las e não as cumprir” (Ecl 5,4). Havia também quem quisesse cumprir as suas promessas oferecendo o que tinha de menos digno ou valioso em vez de levar ao Templo as suas melhores posses; é o que observa o Senhor por meio do profeta Malaquias: “Trazeis o animal roubado, o coxo ou o doente e o ofereceis em sacrifício. Posso eu recebê-lo de vossas mãos com agrado?… Maldito o embusteiro, que tem em seu rebanho um animal macho, mas consagra e sacrifica ao Senhor um animal defeituoso” (Ml 1, 13s). Com o tempo os mestres de Israel procuravam restringir a prática das promessas, pois podiam tornar-se um entrave para a verdadeira piedade. No Evangelho Jesus supõe que certos filhos se subtraiam ao dever de assistir aos pais, alegando que tinham consagrado a Deus todo o dinheiro disponível:
“Vós por que violais o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Com efeito, Deus disse: “Honra teu pai e tua mãe” e “Aquele que maldisser pai ou mãe, certamente deve morrer”. Vós, porém, dizeis: “Aquele que disser ao pai ou à mãe: Aquilo que de mim poderias receber, foi consagrado a Deus, esse não está obrigado a honrar pai ou mãe”. Assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição” (Mt 15, 3-6).
Todavia não consta que o Senhor Jesus tenha condenado o costume de fazer promessas como tal; ao contrário, os escritos do Novo Testamento atestam a prática de S. Paulo, que terá sido a dos cristãos da Igreja nascente e posterior:
“Paulo embarcou para a Síria… Ele havia rapado a cabeça em Cencréia por causa de um voto que tinha feito” (At 18,18).
“Disseram os judeus a Paulo: “Temos aqui quatro homens que fizeram um voto… Purificar-te com eles, e encarrega-te das despesas para que possam mandar rapar a cabeça. Assim todos saberão que são falsas as notícias a teu respeito, e que te comportas como observante da Lei” (At 21, 23s).
Em síntese, a praxe das promessas não é má, pois a S. Escritura não a rejeita, mas, ao contrário, torna-se objecto de determinações legais, como se depreende dos textos abaixo:
Lv 7,16: “Se alguém oferecer uma vítima em cumprimento de um voto ou como oferta voluntária, deverá ser consumida no dia em que for oferecida, e o resto poderá ser comido no dia imediato”.
Nm 15,3: “Se oferecerdes ao Senhor alguma oferenda de combustão, holocausto ou sacrifício, em cumprimento de um voto especial ou como oferta espontânea…”.
Nm 30,4-6: “Se uma mulher fizer um voto ao Senhor ou se impuser uma obrigação na casa de seu pai, durante a sua juventude, os seus votos serão válidos, sejam eles quais forem. Se o pai tiver conhecimento do voto ou da obrigação que se impôs a si mesma será válida. Mas, se o pai os desaprovar, no dia em que deles tiver conhecimento, todos os seus votos… ficarão sem valor algum. O Senhor perdoar-lhe-á, porque seu pai se opôs”.
Dt 12,5s: “Só invocareis o Senhor vosso Deus no lugar que Ele escolher entre todas as vossas tribos para aí firmar o seu nome e a sua morada. Apresentareis ali os vossos holocaustos,… os vossos holocaustos,… os vossos votos…”
Verifica-se, porém, que a prática dos votos nem sempre é salutar, merecendo por isto advertências da parte dos autores sagrados.
2. Qual a justificativa das promessas?
É certo que as promessas não são feitas para atrair Deus como se atrairia um homem poderoso, capaz de ser aliciado por dádivas e “pagamentos”; Deus não muda de desígnio; desde toda a eternidade Ele já determinou irreversivelmente dar-nos o que Ele nos concede dia por dia. Todavia, ao determinar que nos daria as graças necessárias, Deus quis incluir no seu desígnio a colaboração do homem que se faz mediante a oração; com outras palavras: Deus quer dar…, e dará…, levando em conta as orações que Lhe fazemos. Sobre este fundo de cena as promessas têm valor não tanto para Deus quanto para nós, orantes; sim, as promessas nos excitam a maior fervor; são o testemunho e o estímulo da nossa devoção; supõe-se que quem promete e cumpre a sua promessa, exercita em seu coração o amor a Deus; ora isto é valioso. Por conseguinte, quem vive a instituição das promessas em tal perspectiva, pode estar fazendo algo de bom, pois concebe mais amor e fervor. Diz o Senhor no Evangelho, referindo-se à pecadora que lhe lavou os pés pecados lhe estão perdoados” (Lc 7,47). Paralelamente diríamos, pode estar-se abrindo mais plenamente à misericórdia e à liberalidade do Senhor Deus.
3. E a casuística das promessas?
Há pessoas que, depois de receber o dom de Deus, se vêem embaraçadas para cumprir as suas promessas, porque não têm condições de saúde, de tempo ou de bens materiais para executar o que prometeram.
Que fazer?
- Antes do mais, afastem a hipótese, às vezes comunicada por religiões não cristãs, de que, se não “pagarem as suas obrigações”, estarão sujeitos a graves desgraças; na verdade, Deus não é vingativo nem é policial que pune contravenções, mas é Pai…, de tal modo que pensar em Deus deve despertar no cristão sentimentos de paz, confiança e alegria. Isto, porém, não quer dizer que o cristão despreocupadamente deixe de cumprir as suas promessas. Quem não as pode executar, procure um sacerdote e peça-lhe que troque a matéria da promessa. Esta solução condiz com os textos bíblicos que, de um lado, exortam a não deixar de cumprir o prometido (cf. Ecl 5,3), e, de outro lado, prevêem a insolvência dos fiéis e a possibilidade de comutação dos votos (ou promessas) por parte dos sacerdotes:
“Se aquele que fizer um voto não puder pagar a avaliação, apresentará a pessoa diante do sacerdote e este fixá-la-á; o valor será fixado pelo sacerdote de acordo com os meios de quem fizer voto” (Lv 27, 8; cf. Lv 27,13s.18.23).
Poderá acontecer que, em certos casos, o padre julgue oportuno dispensar, por completo, de certa promessa o fiel cristão.
A propósito convém incutir que, se alguém quer fazer uma promessa, evite propor certas práticas que são um tanto irracionais (como ocorre na peça “O pagador de promessas”); procure, ao contrário, prometer práticas não somente exequíveis e razoáveis, mas também úteis à santificação do próprio sujeito ou ao bem do próximo. Não tem sentido prometer algo que outra pessoa deverá cumprir, como é o caso de pais que prometem vestir o seu filho “de São Sebastião” no dia da festa do Santo; esta prática como tal não fomenta o amor a Deus e ao próximo. Quanto aos ex-voto (cabeças, braços, pernas… de cera), que se oferecem em determinados santuários, podem ter seu significado, pois contribuem para testemunhar a misericórdia de Deus derramada sobre as pessoas agraciadas; assim levarão o povo de Deus a glorificar o Senhor; mas é preciso que as pessoas agraciadas saibam por que oferecem tais objetos de cera, e não o façam por rotina ou de maneira inconsciente. Entre as práticas que mais se podem recomendar, apontam-se as três clássicas que o Evangelho mesmo propõe: a oração, a esmola e o jejum (cf. Mt 6,1-18). Com efeito, a S. Missa é o centro e o manancial, por excelência, da vida cristã, vida cristã que se nutre outrossim mediante a oração; a esmola e a colaboração com o próximo recobrem a multidão dos pecados (cf. 1Pd 4,8; Tg 5,20; Pr 10,12); o jejum e a mortificação purificam e libertam das paixões o ser humano, possibilitando-lhe mais frutuoso encontro com Deus através dos véus desta vida. Se a prática das promessas levar o cristão ao exercício destas boas obras, poderá ser salutar. Requer-se, porém, que os pastores de almas e os catequistas instruam devidamente os fiéis a fim de que compreendam que as promessas nada têm que ver com as “obrigações” dos cultos afro-brasileiros, mas hão de ser expressões do amor filial e devoto dos cristãos ao Senhor Deus.
4. Conclusão
Como se vê, a prática das promessas pode ser fundamentada na própria Bíblia. Verifica-se, porém, que já os autores sagrados lhe faziam certas restrições. Hoje em dia nota-se que frequentemente alimenta uma mentalidade religiosa “comercial” ou amedrontada e doentia, gerando facilmente o escrúpulo mórbido. Muitas pessoas se sobre carregam com promessas e mais promessas que elas não conseguem cumprir; em vez de fomentar a vida cristã, as promessas a prejudicam não raras vezes. Por  isto é de sugerir que os cristãos reconsiderem tal costume, que de resto parece mais fundado numa concepção antropomórfica de Deus (concebido como o Grande Banqueiro, cuja benevolência é preciso cativar) do que na autêntica visão que o Cristianismo tem de Deus. Este é Pai, Aquele que nos amou primeiro, antes mesmo que O pudéssemos amar (cf. 1Jo 4,19.9s; Rm 5,7s); por conseguinte, somos seus filhos, certos de que o amor do Pai é irreversível ou não volta atrás, cientes também de que, antes que Lhe peçamos alguma coisa, Ele já decretou dar-nos tudo o que seja condizente com o nosso verdadeiro bem; diz São Paulo: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não nos terá dado tudo com Ele?”  (Rm 8,32).

terça-feira, 5 de abril de 2011

A VIDA NO PLANETA

Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã e mãe Terra, que nos sustenta e nos governa, e produz frutos diversos e coloridas flores e ervas." Quando S. Francisco de Assis (falecido em 1226) compôs "O cântico das criaturas", não se conhecia poluição, emissão de gases causadores do efeito estufa, mudanças climáticas, chuvas tóxicas, desastres ambientais etc. Essas palavras e expressões, que hoje fazem parte de nosso linguajar, dão ideia de como o mundo mudou... E, nesse campo, mudou para pior. Para nós, não deixa de ser poético ouvir Francisco louvar o Senhor "pelo irmão vento, pelo ar ou neblina, ou sereno e de todo o tempo, pelo qual às Tuas criaturas dais sustento". Enquanto isso, o noticiário da televisão nos apresenta o calor insuportável de algumas cidades brasileiras e a neve, que fecha aeroportos de cidades europeias; as revistas semanais destacam tanto a seca no sertão nordestino como as geleiras da Patagônia argentina, as quais perdem alguns quilômetros quadrados a cada ano. O que está acontecendo com nossa irmã, a mãe Terra?

Ao criar o ser humano, a ordem do Senhor era que o homem e a mulher submetessem a terra, dominando os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que se movem pelo chão (ver Gn 1,28), não para que deles usufruíssem egoisticamente e os destruíssem insensatamente. Afinal, uma geração deve entregar à outra um planeta melhor, mais saudável e agradável, e não uma terra transformada em deserto, rios sem vida e ambientes envenenados.

Para que cresça em nós a consciência de nossa responsabilidade perante a mãe Terra e as novas gerações, a Igreja no Brasil escolheu como tema da Campanha da Fraternidade de 2011: "Fraternidade e a Vida no Planeta"; e, como lema: "A criação geme em dores de parto" (Rm 8,22). Com essa Campanha ao longo da Quaresma, "tempo de escuta da Palavra, de oração, de jejum e da prática da caridade como caminho de conversão" (Apresentação do Texto-Base da Campanha), a Igreja no Brasil quer "que todas as pessoas de boa vontade olhem para a natureza e percebam como as mãos humanas estão contribuindo para o fenômeno do aquecimento global e as mudanças climáticas, com sérias ameaças para a vida em geral, e à vida humana em especial, sobretudo a dos mais pobres e vulneráveis" (Apresentação do Texto-Base da Campanha).

Individualmente, pouco poderemos fazer para reverter a crise de nosso planeta. Entretanto, à medida que as comunidades cristãs e as pessoas de boa vontade se conscientizarem da gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas, e se sentirem motivadas a participar de debates e ações que visem enfrentar o problema, na tentativa de preservar as condições de vida no planeta, poderemos ter esperança de que a situação de nosso mundo melhorará. O que está em jogo é a própria vida humana. Segundo dados da ONU, já são 50 milhões os "migrantes do clima" - isto é, pessoas diretamente afetadas pelas mudanças climáticas. Tais mudanças são fruto de derrubadas de florestas, de modificações nas águas marinhas e na atmosfera.

Poderemos fazer nossa a pergunta de Caim, quando Deus lhe perguntou onde estava seu irmão Abel: "Sou por acaso guarda de meu irmão?" (Gn 4,9). Será uma tentativa de fugirmos e tentar nos convencer de que não temos nada a ver com os problemas atuais. Poderemos, também, mobilizar pessoas, comunidades e toda a sociedade para buscar alternativas para a superação dos problemas decorrentes do aquecimento global; propor comportamentos que tenham a vida como referência no relacionamento com o meio ambiente; denunciar situações e apontar responsabilidades no que diz respeito aos problemas ambientais decorrentes do aquecimento global. Assim, estaremos dando uma notável contribuição para a vinda de um mundo novo - um mundo em que cada irmão se sinta responsável pelos demais irmãos.

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Mensageiro do Coração de Jesus

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O PAPEL DA DOR POR NÓS TÃO ODIADA.



Para tentar compreender a razão de ser dessa terrível benfeitora, seria preciso remontar à primeira idade do mundo, entrar naquele Éden onde, assim que Adão conheceu o pecado, a dor surgiu. Ela foi a primogênita das obras do homem, e desde então o persegue na terra e mesmo além do túmulo, até o limiar do Paraíso.
Ela foi a filha expiatória da desobediência, aquela que o Batismo, que apaga o pecado original, não extinguiu.
À água do sacramento, ela acrescentou a água das lágrimas. Tanto quanto lhe foi possível, ela limpou as almas com as duas substâncias tomadas do próprio corpo do homem: a água e o sangue.
Odiosa para todos e detestada, ela martirizou as gerações que se seguiram.
De pai para filho, a Antiguidade transmitiu o ódio e o medo a essa comissária das obras divinas, essa torturadora, incompreensível para o paganismo que a erigiu em deusa má não aplacável pelas orações e pelas oferendas.
Andou durante séculos sob o peso da maldição da humanidade. Cansada de, em sua tarefa reparadora, inspirar apenas cóleras e vaias, ela esperou – também ela – com impaciência a vinda do Messias que devia redimi-la de sua abominável fama e destruir o execrável estigma que levava consigo.
Ela O esperava como Redentor, mas também como o Noivo que lhe era destinado desde a queda. Para Ele reservava suas violências amorosas até então reprimidas porque, no cumprimento de sua triste e santa missão, ela só podia distribuir torturas quase intoleráveis; ela reduzia suas desoladoras carícias à proporção das pessoas; ela não se entregava inteira aos desesperados que a rejeitavam e a injuriavam, mesmo quando pressentiam que ela simplesmente os espreitava, sem aproximar-se demasiadamente deles.
Ela foi de fato magnífica amante somente com o Homem-Deus, cuja capacidade de sofrimento ultrapassava o que ela tinha conhecido. Arrastou- se para junto d’Ele naquela noite espantosa em que, só e abandonado numa gruta, Ele assumia os pecados do mundo. E ela exaltou-se assim que O abraçou, e tornou-se grandiosa.
Ela era tão terrível que Ele desfaleceu ao seu contato. Sua Agonia foi o noivado dela. Seu sinal de aliança, como o de qualquer noiva, foi um anel, mas um anel enorme que de anel tinha apenas a forma e, além de ser um símbolo de casamento, era um emblema de realeza, uma coroa.
Com esse diadema, ela cingiu a cabeça de seu Esposo, antes mesmo que os judeus tivessem trançado a coroa de espinhos por ela encomendada, e a fronte divina circundou-se de um suor de rubis e adornou-se com uma jóia de pérolas de sangue. Ela O saciou com os únicos afagos de que era capaz, isto é, com tormentos atrozes e sobre-humanos. E como esposa fiel, prendeu-se a Ele e não mais O abandonou. Maria Santíssima, Madalena e as santas mulheres não tinham podido segui-Lo a todos os lugares. A dor, no entanto, acompanhou- O ao pretório, junto a Herodes, junto a Pilatos. Ela examinou as tiras de couro dos açoites, retificou o trançado dos espinhos, afiou o ferro da lança, adelgaçou ciumentamente a ponta dos cravos.
E quando chegou o momento supremo das bodas – enquanto Maria, Madalena e João permaneciam em lágrimas aos pés da cruz – ela, como a pobreza da qual fala São Francisco de Assis, subiu deliberadamente ao leito do patíbulo, e da união desses dois rejeitados da terra nasceu a Igreja. Em golfadas de sangue e água, ela saiu do coração vitimado. E foi o fim. Tendo Se tornado impassível, Cristo escapava para sempre de seus abraços. Ela ficou viúva no exato momento em que tinha sido, afinal, amada, mas descia do Calvário reabilitada por esse amor, resgatada por essa morte.
Tão vituperada quanto o Messias, elevara-se com Ele e, ela também, tinha dominado o mundo do alto da Cruz. Sua missão estava ratificada e enobrecida. Doravante, ela era compreensível para os cristãos e seria amada, até o fim dos tempos, por almas que a chamariam para apressar a expiação de seus pecados e os dos outros, para amá-la em memória e imitação da Paixão de Cristo Nosso Senhor.

O PORQUE DO SOFRIMENTO



D. Estevão Bettencourt, osb.


Em síntese: O sofrimento parece a alguns ser um argumento contra o poder ou a bondade de Deus. A mensagem cristã responde que Deus não é – nem pode ser – o autor de algum mal; mas Ele permite que as criaturas, limitadas como são, cometam males físicos e morais; Ele não quer “policiar” o mundo artificialmente, mas se encarrega de tirar dos males produzidos pelas criaturas bens ainda maiores. Isto em vários casos é evidente, pois se verifica que, para muitas pessoas, o sofrimento é uma escola que converte e transfigura. Em outros casos, os frutos positivos do sofrimento não são tão perceptíveis; não obstante, o cristão tem certeza de que a Providência Divina não falha e um dia ele compreenderá plenamente o plano de Deus, do qual atualmente ele só percebe segmentos e facetas.

Mais: a figura do Filho de Deus, que, feito homem, assumiu a dor e a morte a fim de fazê-las passagem para a ressurreição e a glória, é o testemunho mais eloqüente de que o sofrimento não é mera sentença da justiça ou castigo, mas está intimamente associado ao amor que Deus tem para conosco. Aceito em união com Cristo, o sofrimento vem a ser fonte de salvação para o paciente e de expiação dos pecados do mundo.

Um dos temas que mais vêm à tona nos círculos filosóficos e religiosos de nossos dias, é o do sofrimento. Quanto mais se alastra e intensifica a dor dos homens provocada pela fome, o terrorismo, as guerras…, tanto mais indagam a respeito do sentido do sofrimento. Freqüentemente nasce daí a objeção; se Deus existe, como pode permitir tanta desgraça, especialmente quando afeta pessoas inocentes? Se tanto mal acontece, ou Deus não pode ou não quer evitá-lo. No primeiro caso, Ele não é todo-poderoso (então não é Deus); no segundo caso, Ele não ama seus filhos, pois nenhum pai assiste indiferente ao sofrimento dos seus filhos. Em conseqüência de tais raciocínios, parece lógico a muitos negar a existência do próprio Deus.

Eis por que as páginas subseqüentes serão dedicadas ao estudo de tal problema. Pode-se-lhe apresentar solução?… ou ao menos alguma luz que o esclareça? – Aliás, também o último Sínodo Mundial dos Bispos, encerrado em dezembro de 1985, chamou a atenção para a recrudescência do mal em nossos dias (tão marcados pela fome e pela ameaça de catástrofes nucleares) e solicitou especial atenção para a Teologia da Cruz:

“Percebemos que os sinais dos tempos são, em parte, diferentes daqueles dos tempos do Concílio, com problemas e angústias ainda mais graves. Com efeito; assistimos em toda parte ao aumento da fome, da opressão, da injustiça; a guerra domina em vários lugares, com os sofrimentos que ela acarreta, enquanto o terrorismo e a violência, sob mil formas, se manifestam um pouco por toda parte. Isto nos obriga a nova e mais profunda reflexão teológica para interpretar esses sinais à luz do Evangelho…

Parece que nas atuais dificuldades Deus nos quer ensinar mais profundamente o valor, a importância e a centralidade da Cruz de Jesus Cristo” (D, nº. 1 e 2).

Examinemos agora as objeções que, em vista do sofrimento da humanidade, são atualmente levantadas contra a existência ou os atributos de Deus.

1.    Se o mal existe, Deus existe?

Eis quatro objeções que a opinião pública não raro formula:

1.1.        Deus sem poder ou sem amor

“Diante do sofrimento no mundo, Deus não pode ou não quer intervir. No primeiro caso, Ele é fraco ou destituído de poder; no segundo caso, Ele carece de amor para com seus filhos”.

- Esta objeção já foi longamente desenvolvida por Voltaire após o terremoto de Lisboa em 1755 e pelo filósofo Arthur Schopenhauer (+1860). Houve quem lhe respondesse, admitindo que Deus é muito sábio e muito poderoso, mas não todo-poderoso (assim Voltaire, Stuart Mill, M. Schiller). – Todavia quem assim pensa, está praticamente negando a existência de Deus, pois, por definição, ou Deus é a Suma Perfeição, sem limites, ou simplesmente não existe.

A resposta católica a tal objeção já foi formulada por S. Agostinho (+ 430), ao qual S. Tomás de Aquino (+ 1274) fez eco: “A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem. – Nulo modo sineret aliquid mali esse in operibus suis, nisi esset adeo omnipotens et bonus ut bene faceret etiam de malo” (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2). Estas palavras, aliás, sintetizam toda a doutrina católica relativa à origem do mal:

1) O mal não é uma entidade positiva; mas uma carência do ser (ou do bem) devido. Assim a cegueira é a falta de olhos (é um mal nas criaturas às quais a natureza concede olhos); o pecado é a falta de concordância do ato humano com o Fim Supremo da moralidade, que é Deus.

2) Ora o não ser ou a carência como tal não tem causa. Só pode ser indiretamente causado por um agente falível ou uma criatura que, ao agir, seja capaz de produzir um efeito incompleto, carente de sua perfeição.

3) Por conseguinte, Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser causa do mal, Esta há de ser a criatura, que pode falhar ao agir no plano físico (um desastre de automóvel, uma enchente, uma seca…) ou no plano moral (o pecado).

4)  Deus permite que as criaturas exerçam a sua atividade conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Ele não fez um mundo artificialmente policiado ou de marionetes. Todavia em sua sabedoria e bondade. Ele se compromete a aproveitar o próprio mal cometido pelas criaturas para daí tirar bens maiores.

5) Não raro é-nos dado perceber os bens que se seguem aos males decorrentes da ação das criaturas. Com efeito, sabemos que muitas e muitas pessoas se transformaram e nobilitaram em conseqüência de uma moléstia grave, de um baque ou insucesso na vida. Em outros casos não nos é possível indicar os frutos positivos procedentes de algum mal; mas o cristão tem a certeza de que, no final dos tempos, lhe será concedido contemplar o plano de Deus e as ligações existentes entre os fatos que ele abrange.

A resposta teológica aqui esboçada será mais amplamente explanada sob o título 2 deste artigo. Importa aqui mostrar apenas que a existência do mal no mundo não significa falta de poder ou de bondade em Deus. Os caminhos de Deus não são os dos homens, diz o Profeta (Is 55,8); a visão que Deus tem das criaturas e da história, é muito mais extensa do que a que nós temos. Por causa de nossas perspectivas limitadas, corremos o risco de apontar sem mais um mal ou um desastre onde há apenas o preâmbulo de um grande benefício arquitetado sobre a própria falibilidade das criaturas.

1.2.        Insistindo…

“Não aceito a explicação, pois freqüentemente me parece que a desgraça é tão-somente desgraça, longe de qualquer plano providencial de Deus”.

A propósito formularemos três observações:

1) É preciso  que a criatura não faça de si mesma o padrão ou o critério para avaliar felicidade ou desventura. Não diga: “Se eu não vejo o lado positivo de uma desgraça, tal lado positivo não existe”. Somente Aquele cujo olhar abarca toda a história da humanidade pode definir o sentindo real que cada acontecimento tem nesse conjunto.

2) Se determinado mal não tem realmente uma contra-parte positiva ou valiosa, isto se deve muitas vezes ao endurecimento ou à indisposição do ser humano. Deus não constrange ninguém a acolher a sua graça. Com outras palavras: a pessoa que sofre, pode fechar-se numa atitude de revolta, que a torna impermeável à ação  do Espírito de Deus.

3) Se alguém insiste em negar a existência de Deus por causa das desgraças existentes no mundo, elimina do seu horizonte um fator de esperança e coragem, e não resolve o problema do sofrimento. Ao contrário, cria para si um novo problema. Com efeito, verifica-se que muitas e muitas pessoas, quando sofrem, apelam espontaneamente para Deus; assim nos cárceres, nos hospitais, nas trincheiras de guerra… é mais freqüente o clamor que pede ajuda, do que a blasfêmia. Quem sofre, experimenta muitas vezes a necessidade de um auxílio mais do que humano para tirá-lo da sua dor e salvar da desgraça os seus semelhantes.

Mais: se alguém nega a existência de Deus, vê-se diante de um mundo marcado pela injustiça e retido pelas leis do mais forte que esmaga o mais fraco… sem que possa haver esperança de restauração da ordem ou do reconhecimento dos verdadeiros valores. Já Platão (+ 347 a.C.), diante da injusta morte de Sócrates, afirmava a necessidade de haver uma justiça superior ou divina para que a morte de Sócrates não fosse um mero absurdo ou o triunfo do mal sobre o bem (ver os diálogos República e Fedon).

1.3.        Só para os maus…

“Somente os criminosos deveriam sofrer, ao passo que os justos haveriam de gozar de paz e felicidade. Ora às vezes parece que se dá contrário”.

A respeito ponderamos:

1) Todos os seres humanos são portadores de pecado. Não os dividamos em criminosos, de um lado, e inocentes, de outro lado. Os que não cometem graves faltas morais, trazem dentro de si a potencialidade ou a capacidade de as cometer.

2) O sofrimento não deve ser considerado apenas como punição ou sanção devida a um réu. Ao contrário, o sofrimento tem significado muito mais largo e nobre. Com efeito.

a) o sofrimento físico é decorrente da própria natureza do homem. A dor é sinal de alarme que torna o homem consciente de uma moléstia ou um distúrbio do seu organismo; se não fosse a dor, o mal progrediria sem que o paciente pudesse perceber adequadamente. O natural desgaste dos órgãos (coração, pulmões, fígado…) provoca dores que vêm a ser salutar advertência ou ensinamento para o homem.

b) O sofrimento está também muito ligado ao amor e à nobreza de caráter. Longe de ser castigo, o sofrimento decorre muitas vezes do fato de que alguém ama outra pessoa e compartilha as dores desta. Pode-se mesmo dizer: quanto mais alguém é digno e magnânimo, tanto mais sofre; quanto mais mesquinho ou desnaturado, tanto menos sofre. Qual a mãe que não sofre por causa da dor de seu filho?

c) De modo geral, o sofrimento é escola para o ser humano. Contribui para vencer o egoísmo e tornar a pessoa mais voltada para o próximo; torna atuantes muitas energias e potencialidades que  nunca desabrochariam se não fosse o sofrimento. Esta verdade é tão óbvia que já os antigos gregos a formularam no trocadilho: pathos mathos (sofrimento é ensinamento ou aprendizagem). Quem não passa pelo cadinho do sofrimento, muitas vezes é egocêntrico, e insensível para com os outros; desfigura-se no plano da personalidade.

1.4.        Ao menos, não seja excessivo!

Dirá alguém: “Se  o sofrimento tem suas vantagens, é para desejar que não se torne excessivo. Deus deveria saber moderá-lo”.

-  Respondemos que as expressões “excessivo” e “pouco demais” são relativas. Quem gosta de trabalhar, se dá por feliz quando desempenha uma tarefa grande e importante, que a pessoa vadia rejeitaria como “excessiva”. Caminhar um quilômetro, para uns, é excessivo, enquanto para outros é insuficiente. – Por conseguinte, é difícil levar em consideração a reivindicação do sofrimento não excessivo, já que este termo é vago ou genérico demais. Como dito, não devo fazer de minhas categorias de pensamento e afeto os critérios de aferição do que acontece aos outros principalmente se não conheço esses outros.

Passemos agora à explanação da resposta cristã ao problema do sofrimento.

2.    A resposta cristã

2.1.        Observação prévia

A fé ajuda o cristão a esclarecer o problema do sofrimento, mas não dissipa todo enigma a tal propósito. Especialmente quando se consideram casos particulares, como a morte desta mãe ou deste pai, que deixam crianças pequenas, não é possível oferecer explicação cabal e precisa para o ocorrido; nem nos é possível dizer por que tal desgaste de automóvel se deu precisamente em tal dia de festa. O livro de Jó nos recorda a insondabilidade do sofrimento, quando, referindo-se às tentativas de explicar o sofrimento, põe nos lábios de Jó as seguintes palavras:

“Eis que falei levianamente; poderei responder-te? Porei minha mão sobre a boca; Falei uma vez, não replicarei… Falei de coisas que não entendia, de maravilhas que me ultrapassam. Conhecia-te só de ouvido, mas agora viram-te os meus olhos; por isto retrato-me e faço penitência no pó e na cinza” (Jó 40, 4s; 42, 3-6).

Todavia a fé cristã projeta o mistério do sofrimento a perspectiva do amor de Deus; como é difícil dar explicação cabal para o mistério do amor, também é árduo explicar o mistério do sofrimento. A fé católica enquadra o mistério do sofrimento dentro do mistério  maior do amor. Com efeito, o amor de Deus, que criou o homem num misterioso ato de benevolência, jamais o abandona; certamente exerce seus planos através dos percalços da caminhada que a criatura percorre na terra. Todas as respectivas ocorrências estão sob o signo desse amor primeiro gratuito e irreversível (cf. 1Jo 4, 10, 19).

Examinemos agora, de mais perto, a explicação teológica.

2.2.        A origem do mal no mundo

A S. Escritura refere que o mal no mundo teve origem por violação (por parte dos primeiros pais) da ordem instaurada pelo Criador.

Com efeito. Deus quis dotar os primeiros homens de grande riqueza interior: 1) a graça santificante, que lhes comunicava a filiação divina e 2)  os dons preternaturais (a isenção da morte, do sofrimento, da desordem de tendências interiores…). Tal era o estado de justiça original.

Estes dons estavam condicionados à fidelidade do homem ao plano de Deus. Sim; deviam ser livremente aceitos pela criatura. Por isto o Criador propôs a esta um modelo de vida (figurado pela proibição da fruta da árvore da ciência do bem e do mal, Gn 2,16s). Aceitando-o, o homem significaria sua entrega ao desígnio de Deus; recusando-o, exprimiria o seu Não e sua auto-suficiência. Ora na verdade os primeiros pais rejeitaram o modelo de vida apresentado pelo Senhor Deus; pecaram por soberba, que os levou à desobediência. Em conseqüência, perderam a chamada “justiça original” e caíram num estado em que existem a morte, o sofrimento, as tendências desregradas… Verdade é que tanto a morte como o sofrimento e os apetites instintivos são algo de natural; todavia após o pecado dos primeiros pais trazem a marca da desordem e da desobediência. O mundo que, por dom de Deus, estava harmoniosamente sujeito ao homem, já não é tal; enquanto o homem se mantinha submisso e fiel a Deus, o mundo inferior estava subordinado ao homem; todavia, rompida a sujeição do homem ao Criador, rompe-se a serventia das criaturas irracionais ao homem; estas o maltratam e esmagam, negam-lhe os frutos da terra e, não raro, as condições de sobrevivência.

Por conseguinte, conforme o texto sagrado e a doutrina da fé, a origem do mal no mundo está no pecado ou no plano moral. Este suscitou o mal físico (doenças, mortes, catástrofes, calamidades…).

A doutrina do pecado original assim concebida tem sido questionada ou posta em dúvida por parte de alguns teólogos e exegetas. Estes afirmam que o pecado começou sua história no mundo sem o quadro ou a moldura que o texto sagrado lhe assinala; não importaria o modo de suas origens. Tal teoria destrói a cosmovisão cristã. Por isto o S. Padre João Paulo II, em suas audiências de Quarta-feira, tem insistido no assunto, incutindo a doutrina de fé na Igreja; tenha-se em vista L’Osservatore Romano, edições semanais de setembro-outubro 1986.

Eis, porém, que, na história das relações do homem com Deus, a última palavra não foi a do pecado nem a da desordem. O Senhor Deus não se quis deixar vencer pelo mal, mas venceu o mal com o bem (cf. Rm 12,21). É o que veremos a seguir.

2.3.        O resgate da dor

Diz São Paulo: “Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2,4s). Ou ainda: “Onde abundou o pecado, aí superabundou a graça” (Rm 5,20). Com outras palavras: Deus não ficou indiferente à desgraça na qual o homem se atirou pelo pecado; não assistiu “friamente” à tragédia; mas houve por bem assumi-la em toda a sua realidade concreta.

O testemunho do amor de Deus foi precisamente a obra de Cristo. Enviando seu Filho ao mundo, o Pai constituiu um segundo Adão ou um novo Cabeça da humanidade. Este assumiu a dor e a morte do homem até as últimas conseqüências, numa atitude de entrega e de amor ao Pai. Desta maneira mudou o significado do sofrimento humano; este já não é mera conseqüência do pecado ou sanção da justiça divina; ele foi redimido vindo a ser a vida de volta do homem a Deus. O homem sofre e, sofrendo, se encaminha para o Pai com Cristo.

Os teólogos costumam deter-se na explanação do valor do sacrifício de Cristo, valendo-se do texto de São Paulo: “Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por nós a fim de que nos tornássemos justiça de Deus por Ele” (2Cor 5,21). Estes dizeres significam que Cristo foi constituído sacrifício pelo pecado; Ele fez partir da própria natureza humana o amor e a dedicação ao Pai que o primeiro Adão recusou.

O cristão, sofrendo com Cristo, pode até mesmo tornar-se corredentor com Jesus, expiando em sua carne os pecados da humanidade, como lembra o S. Padre Pio XII na encíclica Mystici Corporis Christi. Desta maneira, o sofrimento, além de ser escola benéfica (como foi dito à p. 65 deste artigo), é também ocasião de derramamento de graças sobre o mundo. O sofrimento dos inocentes há de ser visto à luz desta verdade: como Cristo inocente padeceu transfigurando a dor, assim o cristão santamente configurado a Cristo, padece oferecendo ao Pai o repúdio ao pecado e o amor que os pecadores deveriam tributar a Deus. O Pai celeste dispôs salvar os homens mediante Cristo e aqueles que se unem a Cristo pela santidade de sua vida. Assim a própria dor das pessoas retas e justas toma sentido. São Paulo dizia: “Completo em minha carne o que falta à Paixão de Cristo em favor do seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24). Quando o cristão sofre, não é simplesmente um ser biológico que sofre, mas é o próprio Redentor que estende a sua Paixão aos membros do seu Corpo Místico, associando-os à sua obra redentora: na verdade, o sacrifício de Cristo na Cruz foi infinitamente meritório, mas cada cristão pode dar-lhe o suporte ou a moldura da sua vida pessoal…, suporte que a Paixão de Cristo não teria se não fosse a vida de cada discípulo de Cristo.

O valor do sacrifício do cristão unido ao de Cristo foi realçado pelo Cardeal Frantisek Tomasek, de Praga, numa entrevista concedida ao periódico italiano II Sabato. O prelado falou então dos graves problemas que o regime comunista suscita para a Igreja na Tchecoslováquia (cerceamento de atividades pastorais, dificuldades para a nomeação de Bispos, encarceramento de sacerdotes e leigos…). O repórter então lhe perguntou:

“Eminência, não está cansado de combater uma batalha sem êxito?”

Respondeu o Cardeal: “A situação é difícil; não se vê como e quando possa melhorar. Mas tenho sempre esperança. Digo sempre uma coisa: quem trabalha pelo Reino de Deus, faz muito, quem reza, faz mais; quem sofre, faz tudo. Este tudo é exatamente o pouco que fazemos entre nós, na Tchecoslováquia”.

Quem sofre, faz tudo, desde que unido a Cristo, pois toma parte íntima na Paixão Redentora do Senhor, fonte de salvação para o mundo inteiro.

3.    Conclusão

Eis a maneira como a mensagem cristã responde ao problema do sofrimento humano. Aos olhos da fé, é plenamente satisfatória; tem suscitado grandes heróis e heroínas através dos séculos. O que esta explicação possui de mais típico, é o fato de conjugar entre si justiça e amor. Sim; o sofrimento, de um lado, é a justa conseqüência do Não dito pelo homem a Deus no início da sua história; por outro lado, é o testemunho do amor de Deus que, assumindo o sofrimento e a morte, demonstra ao homem que lhe quer bem e não desiste de o chamar à Vida; Cristo transfigurou o sofrimento e o fez caminho de conversão ou de retorno ao Pai.



A CRUZ E O CRUCIFIXO





A primeira questão a ser introduzida na história do mundo e a qual nos trouxe tanta dor e inimizade foi: “por que?”.
Satanás foi o primeiro a levantar essa questão… “Mas por que Deus proibiu-lhes de comer do fruto de todas as árvores do Jardim?” (cf. Gn 3,1). Desde aquele dia até hoje nossas pobres mentes já formularam muitos “por quês”, mas nenhum tanto quanto esse: “Por que existe a dor no mundo? Por que as pessoas tem que sofrer tanto? Por que a alegria é tão pouca e o sofrimento tanto?”
Esse problema da dor tem um símbolo e o símbolo é a cruz. Mas por que seria a cruz o símbolo perfeito do sofrimento? Porque ela é feita de duas barras: uma horizontal e outra vertical. A barra horizontal é a barra da morte… é como a linha da morte nos eletro-encefalogramas: reta, prostrada. A barra vertical é a barra da vida: erecta, de pé, inclinada para o alto. O cruzamento de uma barra sobre a outra significa a contradição entre a vida e a morte, entre a alegria e o sofrimento, sorriso e lágrimas, prazer e dor, nossa vontade e a vontade de Deus.
O único modo de se fazer uma cruz é sobrepor a barra da alegria sobre a barra do sofrimento. Em outras palavras: nossa vontade é a barra horizontal, enquanto a vontade de Deus é a barra vertical, na medida em que nós sobrepomos nossos desejos e nossas vontades contra a vontade de Deus, formamos assim uma cruz. Desse modo, a cruz se torna o símbolo da dor e do sofrimento.
Todavia, se a cruz é o símbolo perfeito do problema da dor, o Crucifixo então é a sua solução. A diferença entre a cruz e o Crucifixo é Cristo. Uma vez que Nosso Senhor, que é por si só o Amor, sobe na cruz, Ele nos revela como o amor pode ser transformado pelo amor num alegre sacrifício, como aqueles que semeiam em lágrimas podem colher com alegria, como aqueles que choram podem ser confortados, como aqueles que sofrem com Ele podem também reinar com Ele e como aqueles que carregam suas cruzes por uma breve Sexta Feira da Paixão possuirão a felicidade por um eterno Domingo de Ressurreição. O Amor é o ponto de intersecção onde a barra horizontal da morte e a barra vertical da vida reconciliam-se na doutrina de que toda a vida vem através da morte.
É aqui que a solução de Nosso Senhor se diferencia de todas as outras soluções para o problema da dor… até mesmo daquelas pseudo-soluções que se mascaram sob o nome de “cristãs”. O mundo tenta resolver o problema da dor de duas maneiras: ou negando-o ou tentanto torná-lo insolúvel. O problema da dor é negado por um peculiar processo de auto-hipnotismo que costuma inculcar nas pessoas a idéia de que a dor é imaginária. Tenta-se torná-lo insolúvel através de uma tentativa de fuga e por essa razão o homem moderno sente que é melhor pecar do que sofrer. Nosso Senhor, ao contrário, não nega a dor e nem tenta escapar dela. Ele a encara e ao agir assim Ele nos prova que o sofrimento não é alheio nem mesmo ao Deus que se fez homem.
Vemos assim que a dor desempenha um papel definitivo na vida. É sem dúvida um fato marcante que nossas sensibilidades são mais desenvolvidas para a dor do que para o prazer e nossa capacidade de sofrer excede nossa capacidade de alegrarmo-nos. O prazer cresce até chegar a um ponto de saciedade e nós sentimos que se passasse daquele ponto se tornaria uma verdadeira tortura. A dor, ao contrário, continua crescendo e crescendo mesmo quando já choramos “o bastante”. Ela atinge um ponto em que nós sentimos que não poderíamos mais suportar e ela vai se descarregando até matar.
Eu penso que o motivo pelo qual nós possuímos mais capacidade para a dor do que para o prazer é porque talvez Deus pretendia que aqueles que levam uma vida moral correta deveriam beber até a última gota do cálice da amargura aqui nesse mundo porque no Céu não existe mais amargor. Por outro lado aqueles que são moralmente bons nunca gozam o máximo do prazer aqui embaixo porque sabem que uma felicidade muito maior os aguarda no Céu. Mas deixando de lado as conjecturas, seja lá qual for a razão, a verdade que permanece é que na cruz Nosso Senhor demonstra um tipo de Amor que não pode tomar outra forma quando é contraposto ao mal, senão a forma de dor.
Para vencer o mal com o bem, uma pessoa deve sofrer injustamente. A lição do Crucifixo então é que a dor nunca pode ser separada ou isolada do amor. O Crucifixo não significa dor; significa sacrifício. Em outras palavras, ele nos diz em primeiro lugar que dor é sacrifício sem amor e em segundo, que sacrifício é dor com amor.
Primeiro, dor é sacrifício sem amor. A Crucifixão não é a glorificação da dor pela dor. A atitude cristã da mortificação algumas vezes é mal interpretada como sendo uma idealização da dor… como se nos tornássemos mais agradáveis a Deus quando sofremos do que quando nos alegramos.
Não! A dor em si mesma não possui nenhuma influência santificante! O efeito natural da dor é nos individualizar, centralizar nossos pensamentos em nós mesmos e fazer de nossa enfermidade o pretexto pra tudo quanto é conforto e atenção. Todas as aflições do corpo, tais como penitências e mortificações em si mesmo não tendem tornar o homem melhor. Aliás, frequentemente tornam o homem pior. Quando a dor é divorciada do amor ela leva o homem a desejar que os outros estejam como ele está, ela o torna cruel, cheio de ódio, amargura. Quando a dor não é santificada, ela deixa cicatrizes, queima todas as mais finas sensibilidades da alma deixando-a brutalmente desfigurada. Dor como simples dor então não é um ideal: torna-se uma maldição quando é separada do amor, pois ao invés de tornar uma alma melhor a torna pior.
Agora contemplemos o outro lado da figura. A dor não é pra ser negada e nem pra fugirmos dela. É pra ser encarada com amor e vivida como sacrifício. Analise sua própria experiência e verá que muitas vezes seu coração e mente lhe dizem que o amor é capaz de superar de algum modo seus sentimentos naturais acerca da dor, que algumas coisas que poderiam parecer dolorosas tornam-se alegria quando você percebe que podem beneficiar o próximo.
Em outras palavras, o amor pode transformar a dor em sacrifício agradável, o que é sempre uma alegria. Se você perde por exemplo, uma certa quantidade de dinheiro, tal perda não poderia ser aliviada pela compreensão de que talvez aquele dinheiro foi encontrado por uma pobre alma que tinha mais necessidade do que você? Se sua cabeça está latejando de dor e seu corpo extenuado por uma noite de vigília ao lado da cama de seu filho doente, não seria essa dor aliviada pelo pensamento de que foi através desse amor e devoção que aquela criança conseguiu superar a enfermidade? Você jamais poderia ter sentido aquela alegria e nem ter tido a mínima idéia do tamanho do seu amor se você tivesse se negado a fazer aquele sacrifício. E se o seu amor não estivesse presente, então aquele sacrifício teria sido apenas dor, incômodo e aborrecimento.
A verdade gradualmente emerge quando percebemos que a nossa profunda felicidade consiste no sentimento de que o bem ou benefício do próximo foi conquistado através do nosso sacrifício. O motivo por que a dor é amarga é porque não temos ninguém para amar e por quem nós deveríamos sofrer. O amor é a única força do mundo que pode tornar a dor suportável e a faz mais do que suportável ao transformá-la na alegria do sacrifício.
Agora, se a escória da dor pode ser transformada no ouro do sacrifício pela alquimia do amor, então daí se segue que nosso amor se torna mais profundo, a sensação de dor diminui e cresce nossa alegria no sacrifício. Mas não podemos esquecer que não existe amor maior do que o amor Daquele que entregou Sua própria vida por Seus amigos. Portanto, quanto mais intensamente nós amarmos os Seus santos propósitos, quanto mais zelosos formos por Seu Reino, quanto mais devotados formos pela maior Glória de Nosso Senhor e Salvador, mais nos alegraremos em qualquer sacrifício que possa trazer uma só alma para seu Sacratíssimo Coração. Tal é o motivo pelo qual São Paulo se gloriava em suas enfermidades e alegrias e que os Apóstolos se alegravam quando podiam sofrer por Jesus por quem eles tanto amavam.
Não é de se admirar que os maiores santos sempre disseram que a melhor e maior das graças que Deus havia concedido-lhes era o mesmo privilégio concedido ao seu Divino Filho: ser usado e sacrifícado por uma causa mais elevada. Nada poderia dar-lhes maior satisfação do que renovar a vida de Cristo em suas próprias vidas, cobrir seus corpos com os mesmos sofrimentos sofridos por Cristo em Sua dolorosa Paixão. O mundo tenta eliminar a dor. O Crucifixo a transforma através do amor recordando-nos que a dor vem do pecado enquanto o sacrifício vem do amor e que não há nada mais nobre do que o sacrifício.
O Mundo não pode dispensar o Cristo em Sua Cruz. Eis o motivo porque o mundo é triste: por que se esqueceram de Cristo e da Sua Paixão. E quanto desperdício de dor há neste mundo! Quantas cabeças que padecem dos mais diversos tipos de dor sem jamais terem se unido à Cabeça coroada de espinhos pela Redenção do mundo; quantos pés latejam de dor sem jamais terem se aliviado pelo amor Daquele cujos pés subiram descalços a colina do Calvário; quantos corpos feridos existem que não conhecem o amor de Cristo por eles. Esses não conhecem o amor que pode aliviar suas dores. Quantos corações que sofrem e padecem porque não possuem aquele amor do Sacratíssimo Coração; quantas almas que só conseguem enxergar a cruz ao invés do Crucifixo! Almas que possuem dor sem sacrifício, almas que nunca aprendem que é pela falta de amor que a dor cresce, almas que perdem a alegria do sacrifício porque não sabem o que é amar. Oh! Quão doce é o sacrifício daqueles que sofrem porque amam o Amor que sacrificou-se por eles numa cruz. Apenas para essas almas é possível compreender os santos propósitos de Deus, apenas aqueles que caminham pela noite escura são capazes de contemplar as estrelas.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A CONVERÇÃO







- Meu nome completo é Alessandro Ricardo Lima, sendo o terceiro filho de meus pais entre quatro irmãos.
Nasci em Brasilia e Fui batizado na Igreja Católia quando tinha quase um aninho e idade. A cerimônia aconteceu na Igreja São José ao lado da Praça Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro.
Mesmo sendo batizado na Igreja Católica, não segui esta fé. Pois desde muito pequeno minha irmã mais velha que era Luterana me levava para a Escola Dominical. Cresci congregando na Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Brasília (IECLB). Para agradar meu Pai fiz a primeira comunhão na Igreja Católica aos 15 anos. Mesmo sendo Luterano sempre tive muita admiração pelo exemplo de Vida de Nossa Senhora e lembro-me de gostar muito da figura de João Paulo II.
Durante determinada fase do final de minha adolescência me interessei em estudar Espiritismo, Magia e Alquimia, só por curiosidade. Jamis me inveredei por estes caminhos. Acreditava que para combater melhor estas doutrinas deveria conhecê-las melhor.
Quando terminei o segundo-grau fiz curso pré-vestibular onde conheci muitos jovens católicos. Foi nesta época que comecei a me interessar um pouco mais pela Igreja Católica. E participei de um grande encontro de jovens de duração de 3 dias, muito conhecido aqui em Brasília o “Segue-Me”. Fiz o V SEGUE-ME do Núcleo Verbo Divino.
Nesta época eu abandonei o Luteranismo e achava que havia me tornado católico. Era um jovem católico como muitos católicos que existem por aí, com um conhecimento muito superficial da doutrina da Igreja e sem conhecimento da memória cristã.
Em 1999 fui morar no Rio de Janeiro, pela influência de alguns parentes e amigos, comecei a frequentar a os cultos da congregação Maranata, fundada pelo sr. Paulo Brito. Lá me converti ao Pentecostalismo. Lá me rebatizaram.
Durante este ano, me tornei um fervoroso protestante, e como normalmente acontece não me faltou o ódio à Igreja Católica. Tive acesso a vários folhetos que “revelavam” as “mentiras” do catolicismo. E me empenhei muito em estudá-los e divulgá-los.
E nestas minhas pesquisas e estudos a Providência Divina cuidou que eu encontrasse o Site AgnusDei. O primeiro artigo deste site que abri foi um intitulado “Concordância Bíblia” de autoria do Professor Carlos Ramalhete. O artigo tratava da concordância Bíblica que a existia na doutrina dos sacramentos; mas uma frase deste artigo me chamou muito a atenção: “A Bíblia é filha da Igreja e não sua mãe”. Nossa! Fiquei iradíssimo com aquilo, pois como um protestante que tinha a Sola Scriptura correndo em suas veias poderia dormir com um barulho daquele?
Entrei em contato com o referido Professor e com o Carlos Martins Nabeto, que era o criador do site.

Comecei a travar com eles uma série de debates. Comecei a me assustar quando me deparava com os Escritos Patrísticos, pois lá via que os primeiros cristãos confessavam o Catolicismo e não as novidades trazidas com a Reforma.
Comecei a ver que o que me ensinavam no protestantismo, não era a doutrina católica, era o que eles acham que era o Catolicismo.
Comecei a ver que o que me mostravam no protestantismo não era a Igreja Católica, mas uma caricatura dela.
O fato decisivo foi quando apresentei aos referidos irmãos, um material que dizia que a Igreja Católica incluiu os livros “apócrifos” na Bíblia durante o Concílio de Trento, que me rebateram me mostrando fragmentos de atas conciliares onde a Igreja já há mais de 1000 anos antes desta data já havia canonizado tais livros; me deram como referência a Bíblia de Guttemberg, que era anterior à Reforma, e já incluía tais livros.
Como trabalhava no Centro do Rio, fui à Biblioteca Nacional afim de conhecer a Bíblia de Guttemberg. Vendo os microfilmes pude constatar que o material protestante que estava em minhas mãos e que eu divulgava como sendo luz e guia da Verdade, era mais uma obra enganadora do Maligno.
Foi neste dia que com muita tristeza por ter perseguido a Igreja de Deus, me converti ao Catolicismo.

Enfrentei muitos problemas por causa da minha conversão, principalmente por causa de amigos e parentes. Em 03/2000 voltei à Brasília, e comecei então a preparar a chegada do Site Ictis, pois eu acreditava que tinha a obrigação de esclarecer os “católicos” que pensam que são católicos e os protestantes que pensam que são Cristãos. Dediquei-me tremendamente ao estudo dos Escritos Patrísticos, e a cada leitura, a cada estudo, me tornava cada vez mais Católico e mais tinha certeza do caminho que havia abraçado.
Sou formado em Processamento de Dados pela União Educacional de Brasília (DF) e possuo Especialização em Gerência de Projetos em Engenharia de Software pela Universidade Estácio de Sá (RJ). Sou Analista de Sistemas (com várias certificações do Mercado) e Professor Universitário aqui em Brasília.
Hoje me dedico ao estudo das origens cristãs, procurando divulgar o que tenho descoberto e a fonte de minhas informações para quem sabe outros vejam o que eu não pude ver.
E ajudo a manter este Apostolado Católico que tem como objetivo apresentar aos seus visitantes o VERITATIS SPLENDOR, isto é, o ESPLENDOR DA VERDADE. Pois como disse Nosso Senhor: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha, nem se acender uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos que estão na casa.” (Mt 5,14-15).
Fonte: Servos de Maria e  http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/

DEZ RAZÕES DO PORQUE SER O ABORTO UM ERRO

1. O Senhor ordenou, “Não matarás” (Êxodo 20:13).

A palavra “matar” em Êxodo 20:13 é, em hebreu, “rahaz”. É usada 43 vezes no Antigo Testamento hebreu. Sempre significa violência, matança que na verdade é assassinato. Nunca é usada com o sentido de matar na guerra ou (com uma exceção, Números 35:27) em execuções judiciais. Existe uma diferença clara entre a morte legal (sentença de morte) e o assassinato ilegal. Por exemplo, em Números 35:19, “O vingador do sangue matará o homicida.” A palavra “matará” vem de “rahaz” que é proibida nos Dez Mandamentos. A expressão “sentença de morte” é uma expressão geral para descrever as execuções legais.
Quando a Bíblia fala de algum assassinato que seja justificado, está se referindo a Deus partilhar alguns de seus direitos com as autoridades civis. Quando o estado age como preservador da justiça e da paz enviado por Deus, tem o direito de “fazer debalde a espada” como é citado em Romanos 13:1-7. Este direito do estado sempre é exercido para punir o mal, nunca para atacar o inocente (Romanos 13:4).
Portanto, “não matarás,” é uma denúncia clara e retumbante da matança de inocentes crianças ainda não-nascidas.
2. A destruição da vida humana concebida — seja ela embrionária, fetal ou viável — é uma violação da obra única de formar as pessoas que só Deus faz.
Podemos citar alguma coisa das Escrituras relacionada ao que está acontecendo quando uma vida que está no ventre é abortada? Salmos 139:13 diz: “Pois possuíste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe.”
O mínimo que podemos extrair deste texto é que a formação da vida de uma pessoa no ventre é uma obra de Deus. Deus é quem “possui” e quem “cobre”, nesta passagem. Além do mais podemos dizer que a formação de vida no ventre não é um mero processo mecânico, é algo semelhante à tecelagem ou até mesmo ao tricô: “cobriste-me no ventre de minha mãe.” A vida da criança ainda não nascida é a tecelagem de Deus, e o que ele está tecendo é um ser humano a sua semelhança, diferente de qualquer outra criatura no universo.
A outra passagem, menos conhecida, está no livro de Jó. Ele atesta nunca ter rejeitado os pedidos de seus serviçais, mesmo que naquela cultura as pessoas considerassem os serviçais meros objetos. O que merece atenção aqui é como Jó argumenta.
Jó 31:13-15 diz: “13)Se desprezei o direito do meu servo ou da minha serva, quando eles contendiam comigo; 14)Então que faria eu quando Deus se levantasse? E, inquirindo a causa, que lhe responderia? 15) Aquele que me formou no ventre não o fez também a ele?Ou na nos formou do mesmo modo na madre?”
O versículo 15 nos dá a razão pela qual Jó seria culpado se ele tratasse um de seus serviçais de maneira desigual. A questão não é realmente o fato de que um nasceu livre e o outro nasceu na escravidão. A questão é anterior ao nascimento. Quando Jó e seus serviçais estavam sendo formados no ventre, o encarregado por este trabalho era Deus. Esta é a premissa das palavras de Jó.
Então ambos, Salmo 139 e Jó 31, dão ênfase ao fato de ser Deus o principal trabalhador — cuidador, formador, tecelão, criador — no processo de gestação. Por que isso é importante? É importante porque Deus é o único capaz de criar uma pessoa. As mães e os pais podem contribuir com um óvulo impessoal e com esperma impessoal, mas apenas Deus cria uma pessoa independente. Então, quando as Escrituras dão ênfase ao fato de que Deus é o cuidador e formador no ventre, deve-se destacar que tudo que acontece no ventre é obra de Deus, que é a formação de uma pessoa. Do ponto de vista bíblico, a gestação é a obra de Deus para formar uma pessoa.
Podemos ter uma discussão sem fim sobre o que é uma pessoa completa. Mas podemos dizer com muita confiança: o que está acontecendo no ventre é a obra de Deus para formar uma pessoa, e somente Deus sabe quão profunda e misteriosa é a criação de uma pessoa. Portanto, é arbitrário e injustificado presumir que com relação a qualquer parte tecida desta pessoa, sua destruição não será uma agressão às prerrogativas de Deus o Criador.
Em outras palavras: a destruição de uma vida humana — seja ela embrionária, fetal ou viável — é uma agressão ao trabalho único de formar pessoas, feito por Deus. O aborto é uma agressão a Deus, não só ao homem. Deus faz seu trabalho único no ventre desde o momento da concepção. Este é o testemunho claro do Salmo 139:13 e de Jó 31:15.
3. O aborto está relacionado com o que a Bíblia condena repetidamente: “derramar o sangue dos inocentes.”
A expressão “sangue inocente” aparece cerca de 20 vezes na Bíblia. O contexto é sempre o mesmo: condena aqueles derramam o sangue ou adverte as pessoas para que não o façam. O sangue inocente inclui o sangue das crianças (Salmos 106:38). Jeremias coloca este assunto no contexto de estrangeiros, viúvas e órfãos: “Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o espoliado da mão do opressor, e não oprimais ao estrangeiro nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocentes neste lugar.” Com certeza o sangue da criança ainda não nascida é inocente.
4. A Bíblia freqüentemente expressa a alta prioridade que Deus coloca na proteção, abastecimento e defesa dos mais fracos e mais oprimidos membros da comunidade.
Por muitas e muitas vezes lemos sobre o estrangeiro, a viúva e o órfão. Esta é principal preocupação de Deus e deveria ser a principal preocupação de seu povo.
“O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás; pois estrangeiros fostes na terra do Egito. E nenhuma viúva ou órfão afligireis. Se de algum modo os afligires, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor. E a minha ira se acenderá, e vos matarei à espada; e vossas mulheres ficarão viúvas, e vossos filhos órfãos” (Êxodo 22:21-24).
“Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo” (Salmo 68:5).
“Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e o necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios” (Salmos 82:3-4).
“Matam a viúva e o estrangeiro, e ao órfão tiram a vida.” “E trará sobre eles a sua própria iniqüidade; e os destruirá na sua própria malícia; o Senhor nosso Deus os destruirá” (Salmos 94: 6, 23).
5. Ao julgar uma vida humana difícil e trágica como mais maligna do que tirar uma vida, abortistas contradizem os ensinamentos bíblicos de que Deus ama mostrar seu poder de Graça através do sofrimento, não apenas ajudando as pessoas a evitarem o sofrimento.
Isso não quer dizer que devemos procurar o sofrimento para nós mesmos ou para os outros. Quer dizer que o sofrimento é retratado na Bíblia como necessário e ordenado por Deus, apesar de não agradar a Deus a difícil situação deste mundo arruinado (Romanos 8:20-25, Ezequiel 18:32), e especialmente aqueles que irão entrar no paraíso (Atos 14:22; Tessalonicenses 3:3-4) e vivem vidas de deuses (2 Timóteo 3:12). Este sofrimento nunca é visto como mera tragédia. Também é visto como meio para crescimento em Deus e meio para tornar-se forte nesta vida (Romanos 5:3-5; Tiago 1:3-4; Hebreus 12:3-11; 2 Coríntios 1:9; 4:7-12; 12:7-10), para tornar-se glorioso na vida que estará por vir (2 Coríntios 4:17; Romanos 8:18).
Quando abortistas argumentam que tirar uma vida é menos maldoso do que deixar sofrer, estão querendo ser mais sábios do que Deus, que nos ensinou que sua Graça é capaz de atos maravilhosos de amor através do sofrimento daqueles que vivem.
6. É um pecado justificar o aborto no fato de que todas estas crianças irão para o céu ou terão uma vida completa na sua ressurreição.
Esta é uma boa esperança quando o coração está partido por causa das penitências e está à procura de perdão. Mas é maldade justificar o ato de matar com a felicidade da eternidade daquele que irá morrer. A mesma justificativa poderia ser usada para matar crianças de 1 ano de idade, ou qualquer outra pessoa que acreditasse no paraíso. A Bíblia apresenta a seguinte questão: “Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?” (Romanos 6:1). E também: “Façamos males para que venham bens?” (Romanos 3:8). Em ambos os casos ressoa um NÃO. É presunçoso tomar o lugar de Deus e querer controlar o céu ou o inferno. Nosso dever é obedecer a Deus, não querer ser Deus.
7. A Bíblia nos ordena a resgatar nosso vizinho da morte.
“Resgata aqueles que estão sendo levados pela morte; segure aqueles que se deparam com a matança. Se você disser, ‘Não sabemos disso’, será que Ele que conhece o coração das pessoas não irá perceber? Será que Ele, que vigia a sua alma, não saberá, e será que Ele não irá retribui o homem de acordo com o seu trabalho?”
Não existe razão cientifica, médica, social, moral ou religiosa para colocar a criança em uma classe tal que este texto não se aplique a ela. É uma desobediência a este texto abortar uma criança ainda não-nascida.
8. Abortar uma criança ainda não-nascida vai contra a repreensão de Jesus àqueles que desprezam as crianças como sendo não-dignas da atenção do Salvador.
“E traziam-lhe também meninos, para que ele lhes tocasse; e os discípulos, vendo isto repreendiam-nos. Mas Jesus, chamando-os para si, disse: ‘Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais porque dos tais é o reino de Deus’” (Lucas 18:15-16). A palavra meninos também é usada para denominar a criança não-nascida no ventre de Isabel em Lucas 1:41,44.
“E lançando mão de um menino, pô-lo no meio deles e, tomando-o nos seus braços, disse-lhes: ‘Qualquer que receber um destes meninos em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, recebe, não a mim, mas ao que me enviou” (Marcos 9:36-37).
9. Cabe somente a Deus, o Criador, dar ou tirar uma vida humana. Não é nosso direito pessoal fazer esta escolha.
Quando Jó ficou sabendo que todos os seus filhos tinham sido mortos, ele ajoelhou-se para adorar ao Senhor, e disse: “Nu sai do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Jó, 1:21).
Quando Jó falou sobre vir do ventre de sua mãe, disse, “o Senhor deu.” E quando Jó falou em morrer, disse, “o Senhor o tomou.” Vida e morte são as prerrogativas de Deus. Ele é que dá e quem tira nesta vida. Não temos o direito de fazer escolhas pessoais sobre este assunto. Nosso dever é cuidar do que nos dá e usar isto em Sua glória.

10. Por fim, ter fé em Jesus Cristo traz o perdão e a consciência limpa e nos ajuda através da vida e para a eternidade. Cercados por um amor tão onipotente, cada seguidor de Jesus está livre da ganância e do medo que podem seduzir uma pessoa a procurar por estas verdades para obter riqueza e evitar a repreensão.


por cristo com cristo e em crsito sempre,Amém!