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terça-feira, 30 de agosto de 2011

A INTEIREZA DO SER

Resgate as formas de contemplar a magnitude sagrada do corpo e da alma
POR REGINA MARIA DE ALMEIDA
A Conferência de Copenhage trouxe novamente à pauta temas como a justiça social e a preservação da natureza. Evidenciou-se, em seus debates, que estamos exaurindo as riquezas naturais do planeta em uma velocidade e ferocidade suicidas. Também, ficou claro que os países que detém a hegemonia do ter e do poder defenderam os interesses das grandes corporações transneoliberais, que não querem diminuir seus lucros, resistindo às reivindicações em defesa da vida do planeta advindas de todas as partes do mundo.Em um país como o Brasil, em que 80% da população mora na cidade, é desafiador conversar sobre esse assunto e, principalmente, motivar ações solidárias e proféticas.
Por que aceitamos essa situação tão passivamente, deixando de cobrar medidas protetivas capazes de promover um crescimento sustentável (ou, mais propriamente, um decrescimento sustentável)? Por que a sabedoria que vem dos povos da Amazônia, por exemplo (indígenas, remanescentes de quilombos, comunidades ribeirinhas…), com sua proposta de harmonia entre corpo, natureza e organização social igualitária, não consegue envolver a maioria das pessoas?
 Dualismo corpo e alma
Olhando a questão a partir do aspecto religioso, percebemos que a origem desse descaso tem raízes antigas, nos primórdios do cristianismo. Quando a Boa Nova rompeu as fronteiras da Palestina e se espalhou pelo império romano, a partir do século I, a mensagem cristã teve que se adaptar ao modelo de pensamento greco-romano, com nítida influência do filósofo Platão. O cristianismo influenciou o império, mas também foi influenciado por ele.
Platão postulava a existência de duas realidades, uma espiritual e outra material, sendo a primeira superior à segunda, gerando o dualismo entre sagrado e profano, corpo e alma, secular e religioso, natural e sobrenatural.
Essa dicotomia, principalmente na Idade Média, vai resultar na apresentação do corpo/sexualidade como fonte de pecado. Mais tarde, vai influenciar as questões renascentistas e contemporâneas, por meio dos embates entre ciência e teologia, razão e fé, moderno e antigo, tecnológico e obsoleto, urbano e rural, etc.
Hoje o ser humano “pós-moderno” ocidental tem dificuldade em enxergar-se na inteireza de seu ser. São séculos em que se entendeu dividido e separado de si mesmo. Não é de estranhar que não aceite a verdade de que é apenas uma espécie entre outras, todas dependentes da natureza para sobreviver. A sua visão dualista, ao invés de trazer progresso para o mundo, está destruindo o planeta.
 Respeito ao corpo
A partir do Concílio do Vaticano II, teve início um importante processo de resgate do pensamento bíblico. A Bíblia passou a ser o alimento da caminhada das comunidades, onde se descobriu que nela não há separação entre corpo e alma:
1º. O corpo é bom: “e Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher. E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom” (Gn 1,27.31).
2º. A salvação se dá por meio do agir: quando o Evangelho demonstra o que é o amor, ele aponta para atos concretos e para os cuidados com o corpo do próximo:“Então os justos lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mt 25,37-40).
3º. O corpo é importante: na ressurreição, ponto alto da fé cristã, Deus nos promete um corpo novo, sem dores, sem doença, sem exploração, sem miséria, sem morte. Ele não é, portanto, o “cárcere da alma”.
Relacionando ressurreição e a sabedoria dos povos amazônicos, descobrimos um elo teológico importante: o respeito ao corpo. Essas populações propõem formas de vida que não são meramente alternativas – são as únicas possíveis para se preservar a humanidade no futuro. Mas só poderemos enxergar isso deixando o dualismo de lado.
Regina Maria de Almeida é Teóloga e Assessora Bíblica Popular do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) em São Paulo/SP.
Contato: reginama6@uol.com.br

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