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quinta-feira, 17 de junho de 2010

ECUMENISMO SEGUNDO ( PADRE PAULO RICARDO )

Padre Paulo Ricardo

O primeiro princípio para um católico fazer ecumenismo é que ele seja profundamente católico
Na entrevista desta semana o portal cancaonova.com conversou com padre Paulo Ricardo, reitor do Seminário Cristo Rei da Arquidiocese de Cuiabá (MT), sobre o tema "ecumenismo". Visto que, neste ano, a Campanha da Fraternidade, cujo tema é "Fraternidade e Economia", conta com a participação de outras denominações cristãs. O sacerdote explica o significado desse movimento favorável à união de todas as igrejas cristãs e o perigo de praticá-lo fora das orientações do Concílio Vaticano II.
cancaonova.com: Padre, o que poderíamos definir como ecumenismo?
Padre Paulo: Ecumenismo é um esforço da Igreja de se voltar para aqueles que amam Jesus e que seguem a Nosso Senhor Jesus Cristo. A palavra “ecumenismo” quer dizer “o mundo inteiro” do grego “óikos”, que quer dizer “casa”, na qual nós vivemos, e “óikomene” é “o mundo todo”, ou seja, nós gostaríamos de colocar numa única casa aqueles que amam e seguem a Jesus Cristo. Mas, para isso, é necessário que nós não continuemos nesta triste tradição em que os cristãos se enfrentam continuamente e em tentativas de destruir uns aos outros em verdadeiras “guerras” de religião.
cancaonova.com: Qual a diferença entre ecumenismo e diálogo inter-religioso?
Padre Paulo: O diálogo inter-religioso já é mais amplo. O ecumenismo é o esforço de trazer todos os cristãos para esta " casa" comum, para a única Igreja de Cristo. Já o diálogo inter-religioso está voltado para as religiões que não são cristãs, ou seja, para aquelas pessoas que vivem no paganismo e que ainda não conhecem a Jesus Cristo. Por isso, há uma distinção muito clara, específica, e por uma razão séria é que nós cristãos podemos orar juntos, eu posso de alguma forma orar com uma pessoa de uma comunidade evangélica ou com um irmão de uma Igreja Ortodoxa, mas eu não posso fazer uma oração com uma pessoa que não é cristã pelo simples fato de que nós não estamos nos dirigindo para o mesmo Deus. Por isso é impossível fazer ecumenismo com os pagãos; com estes o que nós podemos fazer é o diálogo inter-religioso. Dessa forma, o diálogo inter-religioso se dá no campo da racionalidade, enquanto o ecumenismo se dá no campo da revelação e da teologia, porque nós cremos no mesmo Deus, que se revela em Jesus Cristo; nós cremos na mesma Escritura Sagrada, nós cremos na Santíssima Trindade, por isso existe muita coisa em comum [entre os cristãos].
cancaonova.com: Padre, quais os princípios católicos para a prática do ecumenismo?
Padre Paulo: A primeira coisa para um católico que quer se envolver com o ecumenismo é que ele seja profundamente católico, porque o amor quando existe e é verdadeiro, não faz com que as pessoas se dissolvam numa espécie de amálgama, numa confusão na qual as duas personalidades desaparecem. Se eu quero amar o outro, é necessário, em primeiro lugar, que eu seja eu. Se eu me colocar em diálogo com outra pessoa e me dissolver completamente, de forma a me tornar uma fotografia dela, o diálogo desapareceu e desapareceu também a realidade do amor, porque esse sentimento exige que haja uma alteridade, ou seja, só existe amor quando há um outro e um diferente.
Então, em primeiro lugar, para que o católico entre no ecumenismo ele precisa ser profundamente católico e também por uma outra razão: porque nós [católicos] estamos profundamente convencidos de que a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo subsiste na Igreja Católica, como diz o Concílio Vaticano II. Isso quer dizer que a Igreja Católica tem tudo aquilo que é a essência da Igreja de Cristo. Enquanto as outras comunidades eclesiais perderam, de certa forma, coisas muito importantes, ou seja, perderam coisas essenciais, perderam coisas da substância da Igreja. Quando eu vou dialogar com um evangélico, por exemplo, eu sei que ele não tem a sucessão apostólica, eu sei que não há uma transmissão do poder apostólico através de bispos de geração em geração. Isso tudo só nós temos dentro da Igreja Católica ou dentro da Igreja Ortodoxa. Nós sabemos que eles também não têm a Eucaristia verdadeira, que acontece por intermédio da consagração feita pelas mãos do sacerdote, assim como sabemos que eles não têm outros sacramentos que necessitam de sacerdotes [para existir]. É por isso que nós, se formos olhar os documentos do Concílio Vaticano II, iremos ver que a Igreja, nos seus documentos oficiais, não chama as igrejas evangélicas de “igrejas evangélicas”, nós as chamamos de “comunidades eclesiais”. Por quê? Porque nelas falta alguma coisa, que é essencial para que haja Igreja, pois sem Eucaristia não há a verdadeira Igreja de Cristo. Eles são comunidades eclesiais que amam Nosso Senhor Jesus Cristo, são batizados e de alguma forma estão ligados ao Corpo de Cristo e estão ordenados para a Igreja de Cristo, mas perderam muita coisa daquilo que é a essência da Igreja de Cristo.
cancaonova.com: Nós estamos vendo nos últimos tempos um movimento quantitativo, em âmbito mundial, de clérigos e leigos anglicanos que desejam estar em plena comunhão com a Igreja Católica. O senhor poderia nos explicar a diferença doutrinal entre essas duas confissões e o motivo desse fenômeno?
Padre Paulo Ricardo: A Igreja Anglicana é a Igreja que surgiu a partir do cisma da Igreja da Inglaterra. "Anglicano" quer dizer "inglês". O rei Henrique VIII queria um segundo casamento e o Papa não lhe concedeu esse benefício porque ele não podia se casar duas vezes. O rei, irritado, rompeu com a comunhão com Roma dizendo que ambos [Roma e o Papa] não tinham poder nenhum sobre as Igrejas nacionais e que cada país tinha o direito de organizar a sua Igreja como bem quisesse. E o rei da Inglaterra então se proclamou como chefe da Igreja da Inglaterra.
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O fato é que esse romper a comunhão com Roma se tornou algo desastroso, porque ao longo dos séculos a Igreja Anglicana foi deslizando cada vez mais para a heresia. Teve início como um cisma e terminou agora com a heresia e, em alguns âmbitos da Igreja Anglicana, há uma tremenda apostasia. A heresia é negar uma verdade de fé; a apostasia é negar todas as verdades de fé. A Igreja Anglicana chegou a um ponto tão baixo e assustador, que os próprios anglicanos estão tendo sérias dificuldades de permanecer nela. Por exemplo, ela tomou atitudes radicais, como aceitar o divórcio, aceitar a união de homossexuais, e não só aceita padres casados como também aceita o divórcio destes padres. Essa Igreja chegou ao ponto absurdo de aceitar bispos e padres homossexuais praticantes no seu clero. E também rompeu com a tradição de mais de 2000 mil anos ordenando mulheres “bispos”; eles não exigem mais que seus fiéis participem da igreja todos os domingos e também não exigem mais a moral sexual da Igreja de 2000 mil anos. Então, só dessa lista de coisas que a Igreja Anglicana anda fazendo, você já percebeu que ela é a Igreja dos sonhos do mundo moderno, ou seja, tudo aquilo que é de mundano e moderno, encontrado na sociedade atual, ela introjetou, mas com um problema: o mundo moderno não vai à igreja, pois quem vai à igreja são os cristãos que querem a fé de 2000 mil anos.
Se você é cristão hoje saiba: você é conservador. Você está querendo conservar uma tradição e uma fé de 2000 mil anos, enquanto que o mundo moderno faz de tudo para destruir essa fé. A Igreja Anglicana tornou-se uma Igreja revolucionária e é por isso que muitos bispos, sacerdotes e leigos anglicanos querem voltar para casa, voltar para a Igreja Católica. A Igreja Católica está abrindo os seus braços para esses anglicanos, mas para que voltem à plena comunhão com ela [Igreja Católica] exige-se dos anglicanos que eles professem a fé que está contida no Catecismo da Igreja Católica. Achei isso interessante porque eu me pergunto se alguns padres e líderes da Igreja Católica de hoje estariam em plena comunhão com a Igreja Católica, ou seja, se todos os nossos padres e todos os nossos leigos podem assinar um juramento dizendo: “Eu creio em tudo o que está contido no Catecismo da Igreja Católica”. Eu tenho lá as minhas dúvidas!
cancaonova.com: Neste ano a Campanha da Fraternidade é ecumênica. Este tema no Brasil já conquistou o seu espaço ou ainda é visto com uma certa resignação por parte dos cristãos em geral?
O ecumenismo no Brasil tem uma certa dificuldade em dois sentidos. O primeiro sentido é que as igrejas evangélicas no Brasil têm sua origem calvinista e o calvinismo deixou marcas muito profundas de anticatolicismo em todas as igrejas que nós temos aqui no Brasil. A maior parte das igrejas com as quais nós temos conseguido ter um diálogo ecumênico são aquelas que, embora tenham um passado calvinista, já conseguiram diminuir um pouco este "ranço" anticatólico, sobretudo, as igrejas de confissão luterana que, de uma forma geral, estão mais abertas ao diálogo com os católicos. A segunda realidade é que (esta é a minha opinião) nós não deveríamos começar o ecumenismo rezando juntos nem tendo atividades em conjunto, o que nós precisamos na verdade é ter um amor mútuo, é começar nos amando e nos querendo bem, porque se não houver um amor de base de nada vai adiantar grandes projetos e grandes atividades. Talvez, neste sentido, a Campanha da Fraternidade seja um passo positivo, pois a iniciativa é também uma ação, e quando um católico e um evangélico se unem para fazer o bem fraterno para a pessoa necessitada, talvez aí nós encontremos um caminho para que juntos amemos Cristo presente no pobre e no necessitado e quem sabe nos amemos mais uns aos outros.
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No entanto, não devemos ser ingênuos, pois tudo isso é um esforço e o esforço só tem sentido se estiver enraizado numa convicção profunda de que existe uma Verdade. Aqui também é uma das mazelas do ecumenismo atual, pois ele sofre de um relativismo, ou seja, a verdade não existe e muitos dizem: “O que importa é que nós, juntos, vamos construir a verdade”. Mas isso não é verdade, porque a Verdade existe, Ela se encarnou, é objetiva e real. Somente se formos profundamente obedientes a Ela haverá verdadeiro ecumenismo. Ecumenismo não é quando fazemos um congresso e voltamos para ver a opinião majoritária e todos assinam a opinião majoritária. O ecumenismo se dá quando a Palavra de Deus é levada a sério e verdadeiramente acolhemos, em obediência, esta única Palavra. Ecumenismo, então, não é convenção, não é relativismo, é obediência à Palavra de Deus.

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