FICAMOS ALEGRES COM SUA VISITA

ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

AGRADECIMENTO

AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

quarta-feira, 7 de março de 2012

É utopia querer viver a unidade ?


Venhamos e convenhamos, falar sobre unidade está mais manjado do que qualquer outro tema. Quando se começa o ano, há alguma divisão e/ou confusão no ministério ou na igreja, muda a liderança, ou mesmo em retiros das igrejas ou ministérios se aborda a comunhão focada na unidade. E ainda tem as músicas de comunhão cantadas nos cultos: “Um mais um, igual a um. Dois mais dois, igual a um. Três mais três, igual a um. Sempre um só. Sempre um só. É assim que Deus quer ver o seu povo. Na UNIDADE do Espírito. Vivendo em COMUNHÃO. Vivendo em UNIÃO. SE AMANDO com intensidade…”. Isso não é uma crítica a abordagem desse tema, mas é fato que é bem comum falar sobre ele.

Diante de tanta abordagem sobre o assunto, será mesmo que sabemos, entendemos e vivemos de fato a unidade? O que é isso realmente? Pois bem, vamos buscar tratar disso de uma forma diferente. Preste atenção: vamos tentar tratar de uma forma diferente. Não garanto que consiga. Pode ser que você já tenha visto isso em algum lugar com o seu Pároco ou líder.

A unidade é sinônimo de união, homogeneidade, uniformidade, e significa “ação coletiva orientada para o mesmo fim” (Aurélio Séc. XXI), isto é, a uniformidade existente num grupo que tenha a mesma missão e o mesmo propósito. Não tem nada a ver com um conjunto de pessoas que tenham as mesmas características. Isso pode ocorrer, mas não é obrigatório.
Na igreja dificilmente encontraremos a maioria dos membros iguais. Acontece um ou outro caso, porque Deus criou cada indivíduo com características próprias dentro do padrão divino. É na diversidade onde mais observamos o agir do Senhor. Dentro desta variedade qualitativa está o que torna o grupo uniforme (com unidade), Jesus Cristo. É quando o Filho do Homem é o foco da igreja e a missão desta é o Seu Evangelho – a transmissão e a vivência – que realmente encontramos a unidade.

Entretanto, precisamos entender que, apesar de não termos as mesmas qualidades em todas as pessoas do grupo, é necessário abrir mão de características que não pertencem aos princípios do conjunto. Quando o apóstolo Paulo diz em Cl 3.5, “exterminai as inclinações carnais”, ele está dizendo que as tendências da natureza humana não pertencem aos preceitos do Senhor (lembre-se que o homem decaiu na desobediência no Jardim) e que o discípulo de Cristo não deve comungar com isto.

Então, se você quer colaborar com a unidade no corpo de Cristo, você não pode estar ligado à prostituição, à impureza, à paixão, à maus desejos, à avareza/idolatria (v.5), à ira, à malícia, ao vocabulário indecente e à mentira (v.8). Estas coisas pertenciam a você, a nós, quando estávamos fora da comunhão com Deus (v.7). E são sobre elas que vem a ira divina (v.6). É DEFEITO DO VELHO HOMEM! Quando temos algo quebrado queremos consertar e, se possível, ter um novo. Por que também não o fazemos com a nossa própria vida?

Nisso a sacada é que, mesmo diferentes uns dos outros, precisamos ter o mesmo sentimento (Fl 2.5) – compaixão, bondade, humildade, suavidade/mansidão, paciência e, principalmente, amor (Cl 3.12,13). Quando aparecer aquele amado “insuportável” e que não colabora com a unidade esteja pronto a perdoá-lo, tolerá-lo, pois isso é o que significa suportar em Cl 3.13.
Assim que abandonarmos o que não presta do velho homem e nos enchermos das coisas boas, do caráter de Cristo, conseguiremos alcançar a unidade real. Enquanto isso não ocorrer a unidade será utopia. As diferenças e diversidades continuarão e em muito contribuirão para o desenvolvimento do grupo, mas o foco, o Evangelho (vivido e transmitido) e o sentimento devem ser os mesmos em todos.

Que essa possa ser a sua atitude. Diga ‘adeus’ ao velho homem e se “aprochegue” ao novo. Deus abençoe!  Paz e bem

Existe uma segunda chance ?


Não existem muitas segundas chances por aí. No mundo atual, impera a necessidade do "hoje" e do "agora" característicos da geração fast-food. As pessoas não tem mais paciência, e a arte de esperar há muito parece ter sido esquecida. Quantas vezes passamos por isso? Quando fomos deixados de lado na escolha do time da escola, quando fomos trocados por alguém mais novo, mais forte, mais rápido... ou talvez por motivos que nos são desconhecidos. O fato é que enfrentamos situações assim: toda nossa esperança parece se esvair pelos nosso dedos. Não há luz no fim do túnel e nenhuma opção parece ser viável.

O que fazer? Existe a possibilidade de recomeçar?

Dentre tantas preciosidades existentes nas Escrituras, há uma que deve sempre estar diante de nós:

"...eis que faço novas todas as coisas..." Ap 21.5

Isso não é reconfortante? Saber que nossos fracassos não são fatais, e que onde há ruínas uma nova vida pode brotar?

Um dos apóstolos de Jesus, Pedro, sabe muito bem o que é ter uma segunda chance. Seu temperamento impetuoso o tornou um dos principais apóstolos, fazendo parte do círculo mais íntimo de Cristo. Momentos antes de Sua prisão, Jesus revela a seus discípulos que eles iriam abandoná-lo e, mais tarde, após a ressurreição os encontraria. E quem toma a palavra? Pedro, que afirma: "mesmo que todos te abandonem, eu nunca te deixarei" (Mc 14.28).

Podemos imaginar Pedro batendo no peito afirmando estas palavras: "Jesus, eu não sei dos outros, mas pode contar comigo! Eu nunca vou te deixar...". Fazemos isso, não? Com mais frequencia do que gostaríamos de reconhecer. Julgamos os outros a partir de um ponto de vista (nosso ou externo) e, comparando-nos com os outros, dizemos: "Eu não seria capaz de fazer isso, ou falar aquilo, ou agir assim...sou bom demais, Jesus! Eu tenho a força e a vontade para me manter firme. Nunca vou vacilar...". Afinal de contas, sempre há alguém pior do que nós".

É. Certas coisas preferiríamos nunca ter dito.

Em seguida, com Jesus já preso, encontramos Pedro ao lado de João dentro do pátio da casa de Caifás, e os acontecimentos então se desenrolam de uma forma dramática. Por três vezes as pessoas ali presentes apontam para Pedro, dizendo que ele era um dos discípulos. E em todas elas, Pedro nega a afirmação, chegando mesmo a amaldiçoar-se!

O golpe final veio quando, após negar ser um dos discípulos pela terceira vez, seus olhos encontram os de Jesus - Pedro, então parte dali e "...chora amargamente"(Lc 22.61-62). O texto grego aqui usa a expressão pikros (πικρως ) que traz a ideia de uma dor aguda, dura e fatal. O que você sentiria no lugar de Pedro? Talvez você não se veja desta forma, mas quantas vezes fracassamos naquilo que garganteamos como vitória? Como Pedro, batemos no peito de dizemos: "pode deixar comigo. Eu nunca vou fazer isso...ou voltar àquele lugar...ou falhar com você novamente...foi a última vez..." e os discursos são os mais variados, porém a tônica é a mesma. Somos confrontados com nossas próprias palavras, e a realidade às vezes é dura demais.

Tão dura que nos faz querer voltar atrás...desistir de tudo e aceitar a derrota. É interessante analisar as derrotas que sofremos. Somos derrotados pelo tempo, por pessoas, situações...mas a pior de todas é quando o inimigo somos nós. Aqui a força de muitos desaba, e com Pedro foi assim. Lembra-se o que Pedro fazia antes de seguir a Jesus? Ela era pescador...e após todos estes acontecimento, onde o encontramos? Pescando!(Jo 21.2-3). 

É interessante como Pedro age após o fracasso: volta à antiga vida! Tenha em mente que Jesus já havia ressuscitado e aparecido a eles, mas de algum modo, isso parece não motivar a Pedro a perseverar e a pregar a ressurreição do Mestre. Observe como o fracasso tem o poder de, mesmo presenciando um milagre, nos deixar abatidos e derrotados. É impressionante como ficamos insensíveis às Boas Novas quando estamos assim... 

Porém Jesus manda um recado aos discípulos, lembrando-os de que os iria encontrar - recado este especialmente direcionado a Pedro.Mais tarde, numa praia da Galiléia, Pedro está novamente diante dos mesmos elementos encontrados na ocasião da negação: uma fogueira, uma roda de pessoas...e Jesus! Agora Ele estava ali...e o final do diálogo com Pedro é a reafirmação dele com um dos apóstolos: segue-me (v.19)!

Uma segunda chance.

Não é todo dia que você ganha uma segunda chance, e Pedro sabia disso. Quando soube que era Jesus, mergulhou nas águas frias do Tiberíades e não apenas nadou até a praia, mas entregou-se de tal maneira que marchou valentemente até Roma, pregando o Evangelho e morrendo crucificado de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como o Mestre.

Uma segunda chance.

Não é todo dia que você encontra alguém que lhe dê uma segunda chance. Muito menos alguém que faça isso todos os dias...

...mas em Cristo encontramos ambas as pessoas!

terça-feira, 6 de março de 2012

Inigualável mestre e salvador


Sócrates ensinou por 40 anos, Platão por 50 e Aristóteles por 40 anos. Jesus, nem mesmo por quatro. Mas o impacto do breve ministério de Cristo excede infinitamente os 130 anos somados desses três gigantes gregos.

Entre todos os que foram imortalizados ao longo de milênios nas páginas da história, Jesus de Nazaré teve o mais breve período de ministério público. Só três anos e meio. Mas que três anos e meio foram estes!

Falando de Jesus como Mestre, o escritor incrédulo Lecky confirmou:"Três curtos anos tiveram mais influência para melhorar e regenerar a humanidade que todas as pesquisas filosóficas e todas as exortações dos moralistas."

Desde os primeiros dias de seu ministério, houve discussão e debate sobre Jesus. O interessante é que essas discussões continuam, mesmo hoje. Começaram com o povo de seu próprio tempo e de sua própria cidade. “Donde Lhe vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria...?” Mt 13:54,55.

Sim, Jesus era carpinteiro, mas era mais que isso. Ele era Deus em carne. É essa dimensão adicional de sua natureza que ofende muitos. Para os que os que atribuem demasiada importância a si mesmos, essa alegação de divindade é muito difícil de engolir. E o eu é a primeira coisa que Cristo nos ordena submeter.

À semelhança de seus contemporâneos nazarenos, muitos querem submeter Jesus a um lugar geográfico e histórico. Mas Jesus não pode ser limitado desta forma. Ele é Deus criador e Senhor da História. Crer em Jesus como Messias e Filho de Deus é afirmar indiretamente que sua origem não foi no ventre de Maria. É afirmar sua diferença essencial do restante da humanidade, por mais que Ele seja semelhante a nós em muitos aspectos.

Sem quaisquer explicações racionalistas, o Novo Testamento apresenta Jesus Cristo tanto humano como divino. Se no Evangelho de Mateus sua genealogia é humana, João inicia seu Evangelho afirmando que a Palavra é Deus, e essa mesma Palavra “SE FEZ carne e habitou entre nós” (v.14). Talvez, prevendo as futuras indagações sobre a contaminação moral, o Novo Testamento declara sem margem para dúvidas que Jesus viveu sem pecado (Hb 7:26; 1Pe2:22).

Jesus sabia quem era, tinha consciência de sua divindade (Jo 10:30; 1410); afirmava ser a Vida e ter direito de doar a vida (Jo 14:6; 11:25); Jesus estava ciente de sua missão na terra dada por Deus (Mc 10:45). A diferença entre Cristo e outra pessoa qualquer é que Ele é Deus. Ele afirmava ser Deus. Afinal, uma criatura não poderia ser o Salvador da humanidade caída.

Os ensinos de Jesus não eram simplesmente sábios. Também não consistia em opiniões, conjecturas, suposições ou idéias emprestadas de outros pensadores. Mais que isso, Eles continham um elemento qualitativo que os distinguia essencialmente de tudo o que os havia precedido ou que veio depois.

Nunca existiu um Mestre como Jesus. Ele ensinava verdades de valor permanente, que até hoje surpreendem por sua vigência. Ensinava com acerto e autoridade, e as pessoas se sentiam melhores depois de ouvi-lo. Sua palavra era construtiva e cheia de esperança. Nunca pronunciou erro ou engano, nem Se distanciou da verdade mais pura. Não apenas instruía, mas mostrava como viver melhor.

Mas não era Homem apenas de palavras. Para Jesus não foram apenas palavras. Ele tinha obras mais que suficientes para sustentar suas palavras. No momento em que terminou o formidável Sermão do Monte, a cena mudou abruptamente, e Jesus mergulhou imediatamente no atendimento às necessidades do povo(Mt 8,9).

Jesus não apresentava paliativos para acalmar as consciências. A pregação dEle não era do tipo que massageava o ego; sua mensagem era daquelas que exigiam transformação e morte para o pecado. Declarações com “negue-se a si mesmos, tome a sua cruz, ou `aborreça´ a familiares...” são expressões que podem levar alguns a taparem os ouvidos e até exclamar novamente: “ Duro é este discurso”.

O seu ministério e propósito era trazer salvação a todos. Sua Graça era inclusiva e de longo alcance. Desde a prostituta ao pregador, desde o leproso ao advogado, procurou alcançar todo aquele que viesse a Ele. Viveu para salvar e curar.

Era movido para as pessoas; seu coração voltava-se para elas. Sentia suas dores. Simpatizava com suas necessidades. Sua compaixão amorosa vinha de dentro de seu coração.

Foi de sua livre e espontânea vontade que deu a vida pelos pecadores. Morreu em nosso lugar, sofreu o que nós merecíamos, para que pela fé tivéssemos direito à uma vida eterna e feliz. 

A Fé na sua ressurreição transformou a História e o mundo. Porque Ele vive, podemos crer no amanhã. Creiamos ou não; estejamos preparados ou não;Ele voltará para buscar os que o amam e destruir para sempre o Mal.

Estabelecerá um Reino Eterno e de Paz. O Reino dELE começa no coração dos que o recebem pela fé, culminando em seu retorno de Glória. 

Conhecer a história de Jesus não é tudo. Temos que conhecer, por experiência própria, o Jesus da história. Paz e bem

Preconceito e Racismo

Mateus 24:12- E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. 

A primeira coisa que devo dizer em resposta a pergunta, que serve de norte azimultico para está postagem é que não tenho uma resposta cem por cento correta, ou que não há uma razão absoluta em termos humanos para tal fato; casos como os do estupido assassinato de Dom Robinson Cavalcante e sua esposa nos levam há profundas reflexões, ou pelo menos devem nos trazer para este lado do problema.

Os ataques aos mendigos e moradores de rua ocorridos sábado em Brasília, são um alerta aos pais que brincando ou não, ensinam seus filhos a terem preconceitos e introjectarem em seus corações e mentes desejos de superioridade sobre outros seres humanos tanto quanto eles.

Vejam que isto está partindo do centro do poder público no Brasil, desde 1997 quando um grupo de jovens de classe média alta queimou o índio pataxó Galdino José dos Santos, num ponto de ônibus que só aumentam os casos, de morte por preconceito social. 

E falo com autoridade de quem sabe o que é ser vitima de todo tipo de preconceito e racismo, á única coisa que me torna uma exclusividade como vítima de bullying, preconceito social, perseguição política e racismo é que sou Cristão convicto, Deus é minha fortaleza é socorro, além disso sou Cristão protestante a moda Irlandesa ou seja se me bater apanha de volta, etc.

Não tenho baixa estima e não dependo da opinião de ninguém, sei quem sou e o que quero neste mundo, onde sou apenas um peregrino, isto me faz não sucumbir aos ataques de grupos números de preconceituosos, racistas e nazofacistas.

A vida noturna do Brasil mudou muito nos últimos 16 anos, maconha, crack e outras drogas, passaram a fazer parte da vida social do povo brasileiro, a falta de dialogo familiar, incitado ora pelo cansaço de exaustivos dias de trabalho de pais e mães e vida escolar dos filhos, ou por causa das novelas, televisivas etc.

A pergunta continua esperando uma resposta verdadeira e o problema pede uma solução, agora sirvo- me do texto acima para dizer qual é realmente o problema de tanto preconceito, racismo e outros, não é falta de religião porque 99,9% das pessoas que fazem estas coisas são religiosos ativos, é mesmo falta de amor e temor a Deus, como Criador e mantenedor da vida, neste mundo. 

Pecado este é o nome do causador de todos os males sociais, mais como não sou sociólogo, diriam alguns que emprego e distribuição de renda talvez resolvessem o problema, quem queimou o moradores de rua no sábado não precisa de dinheiro não, são filhos de gente rica, no meu caso em particular só vejo de pobre eu, os burros e os ignorantes que não sabem que são apenas massa de manobra de políticos ladrões, assassinos e ávidos por dinheiro que não tem escrúpulos ou vergonha, na cara, gente que não gosta de pobre e negro mais sabe dar migalhas a quem se vende fácil.

Mas a questão do pecado só Jesus Cristo resolve, Ele perdoa o mais vil pecador sou prova disto, muitos eram os meus pecados, e muitos ainda cometo, mais o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado e se pecarmos por insuflação, indução ou força maior que nossa vontade e meios, então temos um advogado nos céus Jesus Cristo o Justo.

Arrependa-se de seus pecados, implore o perdão de Deus pois o dia vem quando o juízo terá sua vez e o que vais apresentar a Deus? ,quando a ira vindoura se apresentar e seu nome for chamado perante o Supremo Juiz, o que será de ti? pense nisto.

Soli Deo Gloria.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Se discute ou não ?






“Pode enriquecer-se através de um ofício que não lhe agrada, pode ser curado de uma doença por remédio nos quais não confia; mas não pode ser salvo mediante religião na qual não confia, ou por um culto que não lhe agrada [...] Seja qual for a religião discutida, é certo, porém, que nenhuma religião pode ser útil e verdadeira se não se acredita nela como verdadeira.” (John Locke, em “Carta Acerca da Tolerância”)
É um lugar-comum ouvir pessoas afirmando que religião, como futebol, não é bom assunto para discussão. Mas há quem escape de cair vez por outra nesse “pecado”?
Como é do meu ofício, costumo refutar esse lugar-comum com muitos exemplos e argumentos, porém é claro que ele tem um fundo de verdade. Não tanto quanto ao futebol, mas com certeza quanto à religião. Pois esta tem a ver com coisas sagradas. Sim, muita gente não discute religião porque considera isso uma questão de absoluta subjetividade; mas para alguns a motivação é bem outra: a religião é vista como algo de absoluta sacralidade.
Nessa semana conversei rapidamente com uma moça que se mostrou extremamente avessa à religião. Entramos no assunto por acaso, mas ela logo fez questão de anunciar seu desgosto com igrejas, leis, pastores, ritos etc. Então eu perguntei sobre Deus e ela disse: “Às vezes estou bem com ele, às vezes nem quero saber. Atualmente estou na fase de não querer saber”.
Típico: aquela atitude para com a religião que reproduz a atitude com biscoitos. Num dia você lamenta não ter biscoitos no armário; no outro, tem enjôo só de pensar.
Imediatamente eu repliquei: “Sim, nossa relação com certas coisas é naturalmente desengajada, utilitária. Podemos decidir se vamos passear ou ficar em casa no feriado. Podemos experimentar suco de uva ou suco de laranja. Mas tem coisa que não dá para experimentar assim, desinteressadamente. Não há como experimentar o que significa ter filhos adolescentes hoje e ‘desesperimentar’ amanhã. Se você entrar num casamento, tiver filhos e cuidar deles até à adolescência, ‘it’s done’. Sua vida está feita. Sua flecha foi lançada. Acabou”. A moça me levou a sério. Ficou de pensar no assunto.
Então, até quando ouvimos essa resposta, “religião não se discute”, temos excelente material de discussão: por que discutimos com facilidade certas coisas, e outras não?
A verdade é que a religião, no sentido daquilo que é momentoso, supremo, que é a fonte absoluta de sentido para o todo da vida, é algo tão sagrado, tão intocável, e ao mesmo tempo tão frágil, que não podemos nos aproximar dela de qualquer jeito. Não é questão de gosto.
Em particular, entrar em um relacionamento com Deus – ou não entrar – não é algo que pode ser experimentado levianamente, como se prova frutas em um sacolão. Somente depois de mergulhar num relacionamento que compromete cada fio do seu cabelo (como é o caso, se falamos de Deus) é que o homem compreende plenamente o que fez, e reconhece em si mesmo todos os efeitos de sua escolha.
Apesar de não ser o foco de John Locke em sua “Carta Acerca da Tolerância”, cujo tema mais amplo é a liberdade de culto em os limites do poder do Estado, tive muito prazer em recolher da fazenda de Locke este pequeno fruto, tão óbvio por um lado, mas tão ignorado por outro.
Muita gente frequenta igreja e não “sente nada”, não vê “nada mudar”, porque nunca deu realmente aquele passo gravíssimo, que só pode ser dado em silêncio e de mãos postas. Muita gente “experimenta” Deus e não vê nada acontecer em sua vida exatamente por isso: porque insiste em se aproximar do evangelho como quem entra em um provador de loja de roupas.
Mais do que todas as coisas na vida, Deus e a verdade cristã só são compreendidos no útero da fé. O cristianismo é uma terapia que nos transforma permanentemente depois que nos submetemos a ela; não dá para entrar e sair da terapia quando se bem entende. Nesse sentido, religião não se discute. Aquilo no qual colocamos a nossa confiança de forma absoluta não se sujeita a um “exame objetivo”.
Isso explica também porque as pessoas são frequentemente tão dogmáticas em assuntos de fé, e não têm com a religião a mesma atitude que têm com a ciência. Muita gente com formação científica não consegue entender isso jeito nenhum. Mas eu descobri que em boa parte das vezes, o estudante de ciências padece de uma combinação de falta de experiência de vida com pura falta de imaginação. Por incrível que pareça, várias pessoas educadas, diplomadas, universitárias, etc., têm personalidade de esteta. Não têm a mais vaga ideia do que significa estar absolutamente comprometido com pessoas (com teorias e programas de pesquisa, talvez).
E o pior tipo de esteta é o teológico, especialmente aqueles que a gente encontra em seminário teológico evangélico (e também na blogosfera, onde ocorre hoje uma infestação desses teólogos sem púlpito). Fui professor por alguns anos em uma faculdade teológica e encontrei isso bastante por lá. Gente que compara correntes teológicas como compara catálogos de preços. Em certa ocasião, fui exortado por alunos (e depois, por professores) a apresentar diversas linhas teológicas sem me posiconar. E diziam que faziam teologia…
Teologia é terapia. É momentoso, grave e arriscado. Tente pegar uma infecção e depois trocar de antibióticos no meio do caminho, interrompendo e retomando o tratamento quando bem entender. Quem não faz teologia confessional é suicida. E quem ensina que religião e teologia são coisas que se decide “objetivamente”, na base do cálculo racional, sem discipulado, tradição e compromisso comunitário, comete grave erro médico. Um conselho: se quiser viver, fique longe desses “profissionais”. Ou, pelo menos, de suas técnicas teológicas.
Há céticos que são convencidos pelo argumento. Mas eu estou convencido de outra coisa: a maior necessidade de muitos céticos educados – assim como a de muitos cristãos sarcásticos e cerebrais – é nem tanto de um bom argumento apologético, mas de um casamento e de uma penca de filhos; ou de uma enfermidade que os torne dependentes de familiares, médicos e tratamentos incertos; de alguma coisa, enfim, que os lembre do significado da palavra “confiança”.
E não será pela mesma razão que tanta gente hoje nem quer mais saber de relacionamentos sérios? Ninguém confia em ninguém na sociedade de hiperconsumo.
Bons tempos aqueles, quando as pessoas temiam discutir religião porque tinham fé, e não por medo de serem processadas por preconceito!
Bons tempos aqueles, quando as pessoas discutiam teologia porque desejavam encontrar o caminho certo, e não para ridicularizar quem ainda acredita que ele existe!

Deus segundo o Cristianismo

No âmago do cristianismo está o conhecimento de Deus. No âmago do cristianismo está o anúncio de que Deus veio até nós, e está conosco. É assim que a igreja primitiva compreendeu a revelação de Jesus Cristo, conforme a antiga profecia de Isaías:

Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. (Is 7.14)
Emanuel, “Deus conosco”. O Deus Cristão é outro, ou no mínimo mais do que o deus dos filósofos, por dar a si mesmo na revelação. Pois a revelação bíblica não é a revelação de uma determinada quantidade de informações, ou mesmo de informações a respeito de Deus, mas é a revelação de Deus, dele próprio em sua concretude e factualidade, como um supremo Sujeito e um supremo Objeto (não além da relação sujeito-objeto, como o quer Tillich) que se apresenta ao homem e que é um fato final, incontornável, inabsorvível para o pensamento teórico. Inabsorvível para a ciência e a filosofia, mas nem por isso sem significado (como se fosse o fato-bruto-sem-significado dos teólogos Kantianos) mas um fato que é ao mesmo tempo cheio de significado em si mesmo, e que por isso comunica veracidade ao discurso humano; um fato que não é completamente inefável, ainda que não seja completamente dizível.
Como é esse Deus Cristão? Quem é ele? A resposta cristã clássica é: a Trindade. Trindade é o nome cristão para Deus, e é por isso que o Credo Apostólico guarda uma estrutura trinitária, abrindo cada um dos artigos principais com uma referência a uma das pessoas da trindade: “Creio em Deus Pai… E em Jesus Cristo, seu único Filho… Creio no Espírito Santo”. Na verdade, compreender a Deus como trindade é compreender a estrutura essencial da fé e de toda a teologia cristã, e compreender exatamente a singularidade do cristianismo até mesmo diante de todas as religiões ou religiosidades teístas.

A Confusão Evangélica sobre Deus
Um dos mais graves problemas do movimento evangélico atual é a incompreensão de Deus e, particularmente, da trindade. Dependendo do setor desse movimento, encontraremos ênfases teológicas completamente desequilibradas a respeito. Em alguns lugares a ênfase, no louvor, no púlpito e na espiritualidade, está nas experiências com o poder do Espírito Santo; em outros, na justificação pela fé; em outros, na adoração bíblica; em outros, na transformação moral, ou na missão, e assim por diante. Tudo isso é importante, mas não pode ficar no centro. Por uma razão que não poderia ser mais simples e autoevidente: só Deus pode ficar no centro de nossos pensamentos e atividades.
É de lamentar o antropocentrismo que tomou conta dos evangélicos, seja na ênfase na responsabilidade humana (a “nossa parte”) que vemos nos setores menos agostinianos da Missão Integral, seja no tecnicismo eclesiológico das megaigrejas ou no ativismo ligado ao movimento dos “sete montes da cultura”. Toda a controvérsia atual sobre o teísmo aberto é no fundo uma controvérsia sobre a posição do homem no universo. Tudo pode parecer muito piedoso, mas nunca será realmente piedoso um cristianismo que tira Deus do centro.
E uma das provas mais claras de que Deus foi tirado do centro é a completa incompreensão da trindade. Tipicamente, o crente comum pensa que trindade é algo sobre como “deus é um e três ao mesmo tempo, não me pergunte como!”  É um paradoxo matemático. Um enigma numérico justificado com alguns textos-prova destinados a eliminar parte da ansiedade e dar uma resposta “àquelas testemunhas de Jeová que não me dão sossego”. Não é por acaso que muitos se tornaram presas fáceis de tendências como o movimento judaico messiânico brasileiro (que, ao contrário do internacional, é ambíguo e eventualmente herético rejeitando a divindade de Cristo), ou até mesmo de evangelistas islâmicos que começam a despontar no Brasil.
Até mesmo entre os círculos evangélicos mais esclarecidos e ortodoxos, que prezam todas as doutrinas cristãs clássicas e a própria doutrina da trindade, é comum perceber uma perda da conexão orgânica entre a visão de Deus e a soteriologia. Elas são tratadas como campos separados, unidos tematicamente e organizados a partir de coleções de evidências bíblicas, sem o necessárioinsight na relação interna, por exemplo, entre justificação pela fé e encarnação.
E há outro problema: o das conexões da igreja evangélica com o cristianismo histórico. Uma das falhas nas relações de evangélicos com, por exemplo, os cristãos ortodoxos orientais, é a perda do centro trinitário. A recuperação desse centro para a espiritualidade, a teologia e o culto é essencial diante dos desafios do secularismo organizado, do Islã e das igrejas neopentecostais que começam agora a negar o próprio consenso Niceno-Constantinopolitano.
Ao expôr a estrutura e mensagem do Credo Apostólico eu tenho sempre recorrido ao hino de Paulo na sua carta aos Efésios, capítulo 1 versos 3 a 14, que é onde eu encontro a mais bela e perfeita expressão da fé trinitária em sua formulação primitiva. O texto se divide em três seções principais, cada uma finalizando com a expressão “para o louvor da sua glória” (vs 6, 12, 14). Cada seção focaliza uma das pessoas da trindade: primeiro o Pai, depois o Filho, e depois o Espírito Santo. Em cada seção esse foco se traduz em um tema soteriológico distinto: primeiro a nossa eleição e adoção pelo Pai, depois a redenção por meio de Cristo, e por último o selo do Espírito Santo. E para expôr nossa compreensão, vamos empregar a linguagem trinitária de Agostinho: Deus é o Amante, o Amado e o Amor.
Assim o nosso texto começa bendizendo a Deus como o “Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”.

O Amante
Ora, Deus é a fonte, a causa e propósito de todas as coisas. É a origem ou o arché, como dizem os filósofos. Mas antes de tudo ele é o Pai, e isso significa que ele existe no interior de uma relação. Deus não se tornou o Pai em certo momento, não adquiriu essa qualidade como uma característica acidental ou contingente, como se ele pudesse ter sido outra coisa; mas desde sempre foi o Pai de nosso Senhor, e isso é tão essencial à sua identidade quando o ser Filho é essencial à identidade de Jesus Cristo. A própria paternidade humana não é – ao contrário do que alguns teólogos alegam – a projeção de uma analogia humana no céu, como o fim de esclarecer a experiência religiosa, mas o modelo a partir do qual a paternidade humana foi analogicamente criada por Deus, e continuaremos sempre necessitando da analogia criada, ainda que corrompida pela perversidade humana.
Deus é o Pai, a fonte de todas as coisas, e isso significa que ele tem um Filho antes da fundação do mundo. A física moderna revelou que antes do Big Bang não havia nem tempo nem espaço (pois eles são relativos entre si). Sem dúvida antes da fundação do mundo não houve “antes”, a não ser metaforicamente; ou talvez existisse outra ordem temporal, correndo em outro universo sobre outro eixo direcional, em si mesmo independente do nosso tempo-espaço (ou até outros universos, com outros eixos). Mas então, “antes” da fundação do mundo Deus, já era o Pai de seu Filho e já “tinha” nos escolhido para sermos “santos e irrepreensíveis diante dele”.
Então há, antes de tudo, antes do Gênesis, uma relação. Antes do princípio havia essa relação. O mais maravilhoso, no entanto, é que nosso destino estivesse associado exatamente a essa relação. Pois antes de todas as coisas fomos escolhidos “Nele”. E “Ele” é o Filho de Deus.

O Amado
O Filho estava lá antes de tudo; “nele foram criadas todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Cl 1.17). Mais do que isso: “tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1.18). O mundo foi feito para o próprio Senhor Jesus. Então – que coisa chocante! – o mundo inteiro é um episódio desse relacionamento do Pai com o Filho; pois o Pai fez o mundo por meio de Cristo, mas não fez para si mesmo, e sim para o próprio Jesus Cristo.

“Sem Jesus Cristo o mundo não existiria, pois teria que ser destruído ou se transformaria em um tipo de inferno.
Se o mundo existisse para ensinar o homem sobre Deus, sua divindade brilharia em todas as suas partes de uma forma incontestável. Mas como ele existe apenas através de Jesus Cristo e para Jesus Cristo, e para ensinar o homem sua corrupção e sua redenção, tudo nele faísca com provas dessas duas verdades.”
     Blaise Pascal, Pensées

Ora, se o mundo existe para Jesus, não há a menor possibilidade de entender o mundo e muito menos de se relacionar corretamente com ele sem compreender Jesus Cristo, ou seja, sem colocar-se a seu lado, andar com ele, aprender dele a olhar as coisas. E quando aprendermos a olhar as coisas, aprenderemos que elas existem dentro do relacionamento do Pai e do Filho, não tendo qualquer sentido fora dele. Por isso o homem jamais encontrará Deus no mundo, sem olhar para Jesus Cristo. Pelo contrário, ele deve estar em Jesus Cristo para compreender o mundo.
Assim o texto de Paulo prossegue dizendo que nosso destino é a Adoção; fomos predestinados para a adoção de filhos por meio do Filho. E essa é uma revelação ainda mais supreendente: que em Jesus Cristo somos incorporados na relação eterna que havia antes entre o Pai e o Filho, sendo exatamente esse o sentido da “Graça gratuita” no versículo 6. A obra divina de enviar seu Filho para o sacrifício da cruz visava nos incluir Nele, para nos tornar co-participantes de sua posição elevada de Filho e Herdeiro do mundo. Pois o objetivo de Deus é realmente fazer tudo convergir em Cristo, diz o verso 10; o mundo é um episódio dessa relação; mas se somos postos em Cristo, abençoados, escolhidos e adotados nele, então o próprio mundo se torna um episódio da nossa própria relação com Deus, em Jesus Cristo (1Co 3.21-23).
É assim também que devemos entender o sentido da Encarnação. Não se trata apenas de que o Verbo precisasse assumir plenamente a natureza humana para receber o juízo do pecado e produzir uma obediência humana perfeita – o que é, sem dúvida, verdadeiro e maravilhoso – mas que sem a encarnação o humano continuaria sendo tão somente o criatural com seus direitos criaturais; na encarnação o humano é abraçado pelo divino, é feito seu irmão e seu Filho, recebendo direitos inimagináveis para a mera criatura. Não, a encarnação não apenas reverte os efeitos da Queda; ela eleva o homem para uma outra posição, transportando-o para o seio da divindade. Ela nos torna “co-participantes da Natureza Divina” (1Pe 1.4). Não, é claro, no sentido de uma alegada “injeção de divindade”, como alguns heréticos neopentecostais alegaram anos atrás, mas por adoção e transfiguração. Isso é a verdade da theosis, tão preciosa aos cristãos orientais. Sem encarnação, poderia haver, talvez, perdão, mas jamais adoção.
E tudo o que diz respeito a essa relação divina nos é comunicado. Nos tornamos, assim, amados como ele é – “o Amado” (vs 6). E essa expressão não está aí, em Efésios, por acaso. Esse é o título dado a ele pelo Pai quando de seu batismo, quando o Espírito também desce sobre ele (Mt 3.16,17). A descida do Espírito Santo sinaliza a identidade e a relação que o Filho tem com o Pai. E isso com certeza também diz respeito à nossa experiência de Deus.

O Amor
O Espírito Santo é o selo que recebemos com a fé, que não apenas garante, mas que sinaliza a nossa verdadeira identidade e destino, que é herdar o mundo com Cristo e sermos recebidos pelo Pai através de Cristo. O Espírito foi chamado por Agostinho de Vinculum Caritatem, ou Vinculus Amoris, o vínculo do amor, a verdadeira comunhão entre o Pai e o Filho. Daí a tradição dizer que o Espírito procede do Pai e do Filho. Não é por acaso que o dom do Espírito está sempre associado à nossa união e inclusão em Cristo: Paulo dirá que por estarmos em Cristo recebemos o Espírito (Gl 3.14,16,22,27-29); Pedro diz que a promessa do Espírito foi dada a Cristo, antes de tudo, e que apenas em seu nome ela poderia ser recebida (At 2.33, 38).
Esse é o sentido da alegoria do batismo de Jesus: ele é o homem que ao aceitar a identificação com os pecadores no batismo, recebe tanto o Espírito, representado na pomba, como o testemunho do Pai, “Tu és o meu Filho Amado”. O testemunho do Pai interpreta a ação do Pai: o Pai dá o amor, no Espírito, e por isso diz “tu és meu Filho Amado”. Igualmente, quando nos batizamos aceitando a identificação realizada por Cristo, somos “revestidos” dele, e o Espírito pode descer sobre nós. E quando ele desce, ouvimos a voz do Pai, pois “o próprio Espírito testifica com o nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Rm 8.17) e também testifica que, já que somos filhos, participaremos tanto do sofrimento quanto da herança de Cristo (Rm 8.18). O Espírito é assim a presença de Deus em nós, e ao mesmo tempo a nossa presença no seio de Deus; no Espírito vivenciamos a relação entre o Pai e o Filho, para o interior da qual fomos transportados pela Encarnação. Por isso, o Espírito é o amor-comunhão do Pai e do Filho, e também a nossa comunhão com o Pai e com o Filho (Jo 14.17-20). Assim como o Filho é a “Palavra” mas não deixa de ser uma pessoa, o Espírito é a “Comunhão” sem deixar de ser uma pessoa divina; ele é o amor, a comunhão pessoal da trindade.

A Experiência Cristã é Trinitária
Assim o Pai é a fonte do Amor, o Filho o depósito do Amor, e o Espírito Santo a comunhão do Amor; e para nós essa relação se torna a Origem do Amor, a dádiva do amor (Graça) e a comunhão do amor, exatamente como descreve a bênção apostólica (1Co 13.13). A diferença está em Cristo: pois pela Encarnação e pela Páscoa ele se tornou, de depósito eterno do Amor do Pai, em dádiva histórica do amor divino. Jesus é o ponto de conexão com Deus, pois nele somos introduzidos na eterna relação divina.
Por isso, o cristianismo é a um só tempo trinitário e cristocêntrico. Mas o cristocentrismo existe dentro do trinitarismo. Cristo é a porta para entrarmos na comunhão divina; mas ele é a porta para uma comunhão de três pessoas em uma única divindade.

por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito. (Efésios 2.18)

Acesso ao Pai; acesso, por ele; acesso em um mesmo Espírito, o que nos torna um único corpo, uma família e um templo (Ef 2.16-22). Ora, o que temos, enfim, é uma experiência trinitária de aceitação. O Deus cristão foi experimentado trinitariamente, como o Deus todo poderoso que enviou seu Filho Jesus, como o Deus-homem, o verbo encarnado no tempo e no espaço, que podia ser tocado e que confrontou o mal diretamente na cruz e na ressurreição, e como a presença divina que assegura o amor divino e nos faz orar “Aba, Pai”. Ser um cristão é experimentar Deus dessa forma tripla, como o infinito pessoal que originou todas as coisas, revelado na pessoa de Jesus e presente como consolador no coração e na Igreja; é reconhecer o mesmo Deus nas três experiências, e compreender que as três experiências são indissociáveis da fé em Jesus Cristo.
Por isso a doutrina da trindade não é e não pode ser ensinada como um “dilema matemático” de “três ou um”. Não se trata de números, mas de relações. É claro que há um paradoxo, mas ele nem mesmo é numérico; é ontológico. Não podemos explicar como um ser pode ser pessoal, infinito e ainda triúno – C. S. Lewis diz que isso seria o “superpessoal”, ao que estou inclinado a concordar. Pois se há um Deus, faz todo sentido que seu ser seja não somente necessário e incondicionado, mas também transcendente e ultimamente insolúvel em termos da razão finita. Mas compreender a trindade não é especular sobre a natureza do Ser ou sobre o “três-em-um”, e sim entrar na relação trinitária. O mais importante não é o mistério incompreensível, mas o que nos é revelado e seu significado absolutamente prático, urgente, e existencialmente supremo.
Por isso também, Santo Atanásio disse que ninguém poderia ser salvo sem crer na trindade. Não é porque crer na trindade seja uma condição de membresia no “checklist” do céu. É porque ser salvo e ser admitido na comunhão trinitária são uma e a mesma coisa. Conhecer a Deus é conhecer o Deus que se dá a nós em Jesus, nos unindo a ele pelo Espírito Santo. E é isso o que o Credo Apostólico descreve de forma resumida: a experiência de encontrar o Deus que está presente:

No Centro, a Beleza
Nunca vou me esquecer quando li, há uns dez anos atrás, a entrevista de Rubem Alves à revistaVeja dizendo que o centro da teologia cristã (ou será protestante? Não tenho certeza quanto a esse ponto) era o inferno, e que ao se remover o inferno todos os parafusos e pinos da teologia cristã se soltariam. Na época eu ainda não sabia exatamente porque, mas tinha certeza de que algo estava errado.
E o tempo mostrou que o que estava errado era tudo. Seria difícil ser mais misantrópico que isso. O centro da teologia cristã não é o inferno, é a trindade. E a trindade significa, para nós, adoção. Nós, criaturas, não somos filhos por natureza; Pai-Filho é uma relação interna da divindade, incriada e eterna. Salvação não é meramente ser livrado do inferno, mas acima de tudo ser trazido para dentro dessa relação, Nele. Isso é mais do que livrar-se da ira divina; é um conhecimento exclusivo, incriado e eterno, que só o Filho tinha, e só ele poderia compartilhar (Mt 11.27). Rubem Alves errou duas vezes, mas seu maior erro não foi rejeitar a doutrina do inferno (pois essa é uma doutrina boa e necessária), e sim não enxergar a verdade sobre o céu. Pois no centro da fé cristã mora a beleza, que está guardada nos céus e nos espera de braços abertos.
Pensemos no ícone do grande Rublev, “a Hospitalidade de Abraão”. Ali estão as três figuras, duas olhando uma para a outra, uma na posição central, e uma terceira olha para a relação das outras duas. O ícone representa a trindade; mas o ícone é também um convite. A hospitalidade de Abraão é na verdade a recepção de Abraão na comunhão divina, como um amigo de Deus; muito mais do que isso, o Novo Testamento revelaria, como um Filho de Deus. Agora estamos dentro da pintura, sendo olhados pelo Pai em seu Filho, sob as asas do Espírito Santo; e a vinda do Amado em carne é a hospitalidade divina que iluminou para sempre o nosso destino.
Encerro com as palavras de Karl Barth:

“O que Deus é e faz em seu Filho, concerne diretamente a você, vale para você e lhe beneficia. O que é verdadeiro na eternidade, no próprio Deus, torna-se verdadeiro aqui e agora no tempo. De que se trata? Nem mais nem menos de que de uma repetição da vida divina, repetição que nós não podemos nem provocar, nem suprimir, que o próprio Deus suscita no mundo que ele criou, vale dizer, fora dele. Glória a Deus nos lugares altíssimos!”

Amém!